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Conteúdo 9 de março de 2022

Perspectivas da logística do e-commerce

09-03-22

Tamanho do mercado do e-comm

Dados da Abcomm (Associação Brasileira de Comercio Eletrônico) projetam para 2022 um faturamento de 169,5 bilhões de reais para o ecommerce no Brasil. Caso a expectativa seja atingida, observaremos um crescimento de 12% sobre 2021. Será uma desaceleração ao compararmos com 19% de expansão de 2021 e longe da forte alta de 68% de 2020, quando as restrições de circulação impostas pela pandemia mudaram hábitos de consumo que perduram até hoje.

Apesar da perda do ritmo de crescimento do setor, espera-se que sua expansão seja muito superior ao compararmos com o setor varejista como um todo, que cresceu 1,4% em 2021.

 

Cenário macroeconômico

As projeções para 2022 não são animadoras, com estagnação do PIB, aumento da Selic, desemprego persistente e inflação ainda impactada pela desorganização da cadeia de suprimentos, alta das commodities e desvalorização da moeda.

Desde o segundo semestre de 2021, temos visto uma desaceleração do varejo. Aguardando os resultados do 4T de 2021 das empresas de capital aberto, que devem ser divulgados nas próximas semanas, é esperado uma piora sensível nos resultados econômicos e desaceleração da venda.

 

Logística como fator de sucesso

Sabemos que ter uma operação logística eficiente é vital para o sucesso de uma loja virtual. Ao analisarmos sob duas perspectivas diferentes, percebemos com mais clareza a importância desta atividade:

Valor percebido pelos clientes: Excelente nível de serviço, cumprimento de prazos de entrega ao cliente, rastreabilidade, rapidez na entrega e alta disponibilidade de produtos para pronta-entrega fidelizam os clientes e são fatores de alta relevância na decisão de compra dos consumidores.

Resultado financeiro dos lojistas: Trata-se de uma das maiores despesas do varejo eletrônico. Capital de giro empregado em estoque, investimentos em infraestrutura de sistemas de armazenagem e movimentação, localização das instalações, aluguel de imóveis, sistemas de informação, uso intensivo de mão de obra e despesas do transporte do last mile são algumas das mais relevantes. Ter essa despesa bem administrada pode ser a diferença entre lucro ou prejuízo da loja.

 

Tendências e cenário competitivo

Nos últimos anos temos visto uma corrida por melhores prazos de entrega. Abertura de múltiplos Centros de Distribuição, frotas dedicadas (veículos e aeronaves), utilização de lojas (ship from store) como hubs de entrega são práticas que proliferaram nos últimos anos. O aumento da velocidade de entrega fez com que serviços outrora considerados diferenciais (entrega no dia seguinte, no mesmo dia ou em poucas horas) hoje figuram como condições mínimas para conquistar a preferência do consumidor.

Prazos mais exigentes e a enorme pressão de custos que a cadeia logística do e-commerce está sofrendo colocam em xeque a sustentabilidade financeira destas operações. Altas taxas do IGPM pressionam os custos de aluguel, aumentos dos combustíveis, aumento dos veículos de entrega e custos da construção civil mais elevados contribuem para a elevação das despesas.

No início do ano, começamos a ver alguns destes efeitos. Importantes players dos setores anunciaram mudanças para recuperar a rentabilidade no cenário atual. Aumento da comissão cobrada dos sellers, encolhimento do parcelamento sem juros, redução dos subsídios no frete e cobrança pelos serviços de armazenagem e movimentação de logística (fulfillment).

Pode ser o início de uma era de maior racionalidade, em que a estratégia de crescimento de vendas perdeu um pouco de espaço, priorizando melhoria da sustentabilidade financeira do setor.

Temos de considerar ainda uma outra variável nesta equação, difícil de ser medida pela falta de dados públicos do tamanho destas operações, que é a recente investida de grandes market places internacionais no mercado nacional. Seja através de operações de cross-border ou da implantação de operações locais.

Empresas como Alibaba, Shopee, Wish e Shein tem anunciado investimentos em Centros de Distribuição no Brasil, fretamento de voos, investimentos robustos de divulgação e comissão do marketplace reduzidas, ofertas agressivas em preços e subsídios agressivos de frete. Há estimativas de mercado financeiro que essas empresas ganhem bastante espaço no mercado nos próximos anos.

 

Desafios para os profissionais de logística nos próximos anos

Diante da fraqueza da economia, repassar preços ou dilatar prazos de entrega são soluções com alcance limitado no cenário atual.

Conhecer quais são os atributos que o seu consumidor mais valoriza, ter uma cadeia eficiente que viabilize uma experiência excelente a um custo sustentável são questões que precisam ser respondidas com clareza pelo profissional de logística.

A exigência de menores prazos de entrega combinada com a enorme pressão inflacionária de custos desafiará os profissionais de logística a encontrarem soluções que aumentem muito a eficiência de suas operações.

Nos próximos anos, devemos ver um aumento na adoção de soluções estruturantes na cadeia. Projetos de malha logística definindo localização de CDs, investimento em sistemas para alocação de estoques, abertura de mini hubs, sistemas de automáticos, robotizados e autônomos de movimentação de materiais são ferramentas que podem trazer a melhoria necessária para enfrentar o desafio atual.

Marcio Luiz Matsuda Marcio Luiz Matsuda

Engenheiro mecânico pela POLI-USP, especialista em Administração Industrial pela Fundação Vanzolini – USP, MBA em Varejo pela FIA-USP e Black Belt em Lean Six Sigma pela Fundação Vanzolini – USP. Executivo com mais de 20 anos de experiência em grandes varejistas nas áreas Comercial, Planejamento e Projetos, Produtos, Logística e Supply Chain. Atuou como clevel em empresas como Track&Field, Dafiti, Saraiva e Sequoia Logística, e em posições gerenciais nas empresas Etna, B2W, Telefonica, Magazine Luiza, Dia% e Submarino. Atualmente, é sócio na Connexxion Consulting (www.connexxion.com.br).

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