Para setor agrícola, prioridade é investir em logística
O Brasil se aproxima da excelência quando se trata de plantar e colher, mas convive com a precariedade quando se trata de transportar e embarcar alimentos. Todo o esforço e a competência dos agricultores na produção são prejudicados no transporte devido aos gargalos da infraestrutura brasileira.
O transporte no país é excessivamente concentrado no modal rodoviário, correspondendo por 60% do total de cargas movimentadas. Contudo, 74% das rodovias utilizadas para o escoamento da produção são de péssima qualidade. Além disso, os próprios portos já operam no limite, gerando filas intermináveis de caminhões e grande demora para embarcar a produção.
Os grandes produtores do Centro-Oeste e Nordeste convivem com essa realidade de perto e sofrem com a falta de alternativas próximas de escoamento de seus produtos. Boa parte da produção precisa ser embarcada no Porto de Santos ou de Paranaguá – PR, uma viagem de cerca de 2 mil km. E nesse trajeto, aproximadamente 60 kg da carga de cada caminhão se perde pelo caminho. Isso faz com que o custo de produção em Mato Grosso, por exemplo, seja de U$ 360/ha enquanto no Paraná de U$ 135/ha.
Também, segundo estudo recente da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), a soja mato-grossense, ainda dentro da fazenda, custa cerca de U$ 37 menos que a produzida nos Estados Unidos. Entretanto, a mesma soja chega porto U$ 53 mais cara que a americana.
A solução mais próxima para essa questão seria utilizar as ferrovias para o escoamento. No entanto, além de linhas em número insuficiente, mais de 80% da malha é utilizada pelos setores siderúrgico e de mineração.
Por isso, é inevitável construir e investir – expandir a malha ferroviária, modernizar os portos já existentes e criar novos. No papel, o PAC contempla muitos avanços nessa área, mas é necessário que seja executado. Até agora muito pouco foi feito. Além disso, é necessário valorizar a iniciativa privada, já que sem a ampliação do capital privado não será possível garantir os investimentos necessários.
Os gargalos na infraestrutura interferem na competitividade das commodities nacionais e colocam em risco o comércio internacional. Nesse sentido, não há negociação, o país precisa de um plano logístico emergencial se quiser continuar crescendo.