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Conteúdo 30 de maio de 2022

Os desafios da cadeia de suprimentos

A pandemia do coronavírus trouxe desafios ao setor de logística, levando as empresas a um processo de transformação que ainda deve perdurar por um longo período. E se não bastassem as mudanças oriundas da crise sanitária, a cadeia de suprimentos vive agora sob a interferência de outros dois fatos marcantes, que levaram as empresas a se reinventarem ou tomarem medidas emergenciais: a guerra na Ucrânia e o novo lockdown chinês, devido aos novos casos de Covid-19.

O cenário tem exigido estratégias sólidas e bem definidas, além de fortalecer o entendimento de que o Supply Chain é uma rede global totalmente interligada. Se a expectativa inicial era de que o arrefecimento da pandemia trouxesse uma nova perspectiva econômica, a realidade é outra. As linhas de abastecimento voltaram a se desgastar, impactando a movimentação de produtos necessários, como fertilizante para a agricultura, insumos usados na fabricação de automóveis e petróleo, que é matéria-prima de uma infinidade de mercadorias.

Os Operadores Logísticos, de imediato, quando começou o conflito no Leste Europeu, suspenderam as operações na Rússia e na Ucrânia, além de países vizinhos, como Belarus. As medidas também incluíram o fechamento de escritórios administrativos na Ucrânia. O foco principal foi a segurança dos funcionários que operam em portos, aeroportos, terminais logísticos, centros de distribuição, entre outros. Logo no início foram sentidas reduções nas exportações de amendoim e frango, produtos constantemente embarcados para o leste europeu. A saída foi redirecionar as cargas para novos destinos.

Nas importações, houve queda no fluxo de produtos, como asfalto e agroquímicos em geral, especificamente fertilizantes. Seria o momento de o Brasil e as empresas analisarem a possibilidade de viabilizar a produção de fertilizantes internamente, ainda que as dificuldades naturais e de infraestrutura sejam um gargalo.

Além disso, também serve como um lembrete de que as estratégias de “global sourcing” (ou seja, a estratégia de focar em fornecedores diferentes pelo mundo) de insumos, produtos e serviços devem ser continuamente revistas, na tentativa de dirimir riscos em torno do negócio, principalmente em situações imprevisíveis e de incertezas, como a que estamos vivendo nos últimos meses.

E ao nos depararmos com o lockdown na China, se agravou ainda mais profundamente a situação do Supply Chain Internacional, sobretudo por Xangai abrigar o maior porto do mundo. O complexo marítimo movimenta anualmente 43 milhões de TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés, ou cerca de seis metros). O volume é quase dez vezes o total que circula no Porto de Santos – o maior do Brasil.

Foi mais um momento de estresse e atraso na entrega de mercadorias. Isso sem contar as consequências na inflação. Havia uma estimativa de regularização do setor, que perdeu forças. Os contêineres voltaram a se acumular, vimos o congestionamento de navios e o cancelamento de embarques pelas empresas de navegação. O chamado efeito cascata.

É difícil listar todos os impactos sofridos com o lockdown chinês, mas, certamente, se agravariam à medida que a restrição perdurasse, impactando profundamente o processo produtivo e a organização das empresas brasileiras – e do mundo todo – que dependem da relação comercial ou logística com a China. Sabemos que houve complicações para o lado chinês também, uma vez que a medida poderia afugentar empresas multinacionais que se estabeleceram, assim como o capital e investimentos estrangeiros.

Marcella Cunha Marcella Cunha

Natural de Brasília, tem mais de 10 anos de experiência nos setores de transportes e tecnologia. Graduada em Relações Internacionais, com pós-graduação em Ciência Política, é a atual diretora Executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL). Tem passagens pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e pela empresa Uber.

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