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Conteúdo 1 de abril de 2011

Nordeste logístico: a região do sol, da luz e de novas ideias

O Nordeste “turístico” continua em alta. Essa logística ainda tem muito para contribuir com aqueles que se prepararam para o desenvolvimento e para clientes mais exigentes. Mas não é só isso, despontou também como uma região altamente promissora no escoamento e estrutura produtiva. Os exemplos disso são os desenvolvimentos dos portos, as obras ferroviárias, os polos energéticos e minerais e, principalmente, as novas ideias de logística avançada que prezam a sustentabilidade.

Percorro todas as estradas do Nordeste em um trabalho de consultoria pioneiro da CAP Logística na área de demanda de ligantes asfálticos e pesquisas mercadológicas, vendo o veloz progresso dessa região trazendo oportunidades claras para investimentos lucrativos. A logística é uma área recente no Brasil e esse novo progresso chega ao Nordeste com essa nova visão incorporada em um ambiente geográfico que comporta muito bem esse desenvolvimento organizado.

Essa ideia de que “os últimos serão os primeiros” seria cruel com as áreas do pioneirismo nordestino, assim como seria com o potencial e o aprendizado fornecido por todas as regiões brasileiras. Mas a verdade é que, se por um lado o desenvolvimento não foi satisfatório para essa região nas últimas décadas, agora ele vem compensando com processos organizados e oferecendo as possibilidades de ampliações com novos conceitos logísticos.

Sei do excelente potencial logístico do nosso Brasil e acredito que a região nordeste terá um enorme destaque nessas novas conquistas nos anos seguintes. No Nordeste, pensar grande não é só pensar alto, é pensar largo.

A região norte terá sua malha hidroviária bem mais explorada, assim como o surgimento de novas ferrovias e rodovias por esse Brasil serão, beneficamente, inevitáveis. Longe da ideia do genial Chaplin, que em 1936, no filme “Tempos Modernos”, previu o progresso industrial e o avanço tecnológico, agora não precisa muito para ver que o progresso exige estrutura, e as regiões brasileiras não serão as mesmas daqui a 10 anos.

Evidentemente, cada região do nosso Brasil tem seus encantos, seus problemas e valores, suas condições e soluções. Mas não podemos esquecer que o Sul e Sudeste do Brasil, principalmente, desenvolveram seus processos logísticos e hoje necessitam de soluções corretivas estruturais. O Nordeste inicia processos inovadores planejando melhor o seu potencial rodoviário, ferroviário e portuário. Sim, ainda falta muito para o desejável e não se pode esquecer as dificuldades atuais e o perigo que algumas capitais nordestinas correm quanto ao desenvolvimento desordenado. Vimos desde o caos do trânsito na cidade de São Paulo, agora com 7 milhões de veículos para as quase 50 mil ruas (se todos fossem às ruas ao mesmo tempo, não caberiam enfileirados) até os gargalos do Porto de Santos e, mesmo que as capitais nordestinas não movimentem mercados como esses polos logísticos magníficos, há de se pensar como tal para antever problemas que possam limitar a expansão e criação de novos projetos que atendam às necessidades do comércio globalizado.

A condição para esse sucesso é fazer a coisa certa do jeito certo para que no futuro se possam concentrar conhecimentos para a otimização de processos e não para recriações.

Podemos assim, dividir a logística no Brasil em duas partes: inovação e solução. Acredito que alguns tratam isso como redundante. Mas existe uma diferença entre as duas, como mencionada no Dicionário: a inovação é “a novidade, a criação” – No Nordeste a inovação vem através de obras novas e novos conceitos logísticos praticados pela geração “Y”. Já a solução, é bem aplicada às condições das regiões que precisam corrigir suas estruturas logísticas. Algumas áreas, como a automobilística, cresceram 120% em 10 anos fazendo estourar as capitais brasileiras em direção à zona metropolitana.

O Brasil se comportou, até a entrada do século XXI, como aquele trabalhador que, ao construir sua casa, não contemplou uma garagem. Agora o que fazer com o carro que comprou? Corrigir. E algumas pessoas e empresas ainda praticam hoje essas ideias limitadas. Você pode nascer com uma estrutura pequena, mas nasça com uma ideia grande.

O Nordeste possui um litoral privilegiado, não só pela beleza como também pela capacidade comercial. Dos 7.400 Km do litoral brasileiro, 45% estão no Nordeste. Com excelentes condições climáticas, esse litoral amplia a capacidade de negócios com a Costa Leste dos Estados Unidos (sem a necessidade de utilizar o Canal do Panamá) onde estão os maiores polos comerciais, assim como no Oeste da Europa. Esse negócio hoje ainda não é o desejável devido às “proteções comerciais”, mas nossa balança comercial está equilibrada e essa nova estrutura fará a diferença.

A nova Transnordestina, que está prevista para 2014, ligando dois grandes portos (Suape-PE e Pecém-CE) contará também com uma extensão, passando em Estreito no Maranhão, onde será ligada à ferrovia Norte-Sul.

No campo rodoviário, os investimentos precisam ser mais rápidos. Em 2010, da demanda de cerca de 3 milhões de toneladas de cimento asfáltico de petróleo no Brasil, apenas 20% foi distribuída no Nordeste. No entanto, o que chama atenção é que as obras de implantação de novas rodovias nessa região superaram as demais que destinaram quase todo o produto para obras de duplicação e manutenção em sua malha existente.

A logística atual compreendida pelo mercado globalizado se fortifica no Nordeste. Novos empreendimentos, novos conceitos atraem novas parcerias que buscam a consolidação deste Novo Nordeste Logístico. A ANELOG – Associação Nordestina de Logística, que desde 2004, e sem fins lucrativos, vem promovendo essa nova visão com comitês, debates, palestras e cursos direcionados à prática desse campo, é um dentre outros fortes indicativos de que o Nordeste vive um momento ímpar e de que é peça fundamental para esse Brasil integrado buscar, a cada dia, a competitividade com países que achavam que só éramos bons com a bola nos pés e hoje o mundo sabe que não nos limitamos a isso, somos bons também com uma boa ideia na cabeça, um bom projeto nas mãos e um bom produto no mercado.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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