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Conteúdo 12 de março de 2012

Mobilidade urbana numa paisagem cinzenta e cheia de concreto

Dormimos menos, trabalhamos mais, ganhamos um terço, com o desafio diário de chegar o horário, cumprir compromissos, etc. Sejamos patrões ou empregados.

Se somarmos o tempo que permanecemos em deslocamento ao trabalho multiplicado pelos dias da semana em horas teremos um dia útil de trabalho na média ou mais.

Veículos cada vez maiores, mais sofisticados e confortáveis numa cidade que não permite seu deslocamento.

A meu ver, ainda há certo demérito velado em torno dos símbolos de poder, entre eles, o automóvel ainda é perene símbolo de status, e é evidente que algumas pessoas perpetuarão isso; alguns menosprezam, por exemplo, um ciclista ou motociclista prejulgando inferioridade já à primeira vista, pois ainda temos o mito de que quem está de posse de um carrão é importante ou tem dinheiro, e quem está num modelo popular ou veículo menor esteja numa condição proporcional ao valor ou tamanho do bem. Se não for um meliante, é claro.

Somos todos pedestres em algum momento, essa é a verdade. Há uma necessidade de trabalharmos uma mudança na cabeça das pessoas quanto a estes valores, talvez este seja o maior desafio para um melhor aproveitamento do espaço.

Desestimular o uso do automóvel causa redundância, pois a maior fluidez do trânsito seria um convite a retornar ao carro, tornando novamente os que necessitam do coletivo prejudicado.

Enquanto não tivermos um entendimento comum sobre a questão de mobilidade urbana, continuaremos utilizando subterfúgios para cumprir determinadas necessidades e imposições sociais assumindo um ônus que não é nosso, como dormir menos, gastar mais para nos deslocarmos, desgastar nossos veículos, pagar mais por estacionamentos abusivos, ter dois veículos para não parar no rodízio, falar ao celular enquanto dirige, etc.

O conceito de mobilidade urbana apresentado pelo Ministério das Cidades (2007) é assim definido:

“Um atributo associado às pessoas e aos bens; correspondente às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões do espaço e a complexidade das atividades nele desenvolvidas”. (Ministério das Cidades, 2007, pg.41)

Vejamos então na prática, o número de automóveis no país nos últimos dez anos é quase o triplo, cerca de 65 milhões em 2010, segundo o Denatran. Para neutralizar emissões de gás carbônico, precisaríamos naquele ano aumentarmos mais de 10 vezes a cobertura da mata atlântica de todo o território nacional segundo pesquisa da UCB (Universidade Católica de Brasília, publicado em 13/02/2011). Foram 64.817.974 registros (carros, motos, caminhões e outros).

Persiste um foco na discussão vazia de que caminhões são ruins, bem como motociclistas e ciclistas, etc. Toda vez que não entendemos a dinâmica das coisas como um coletivo, uma grande cadeia, propagamos tamanha ignorância.

Mais de 80% das atividades empresariais, de comércio exterior e logística fluem através da troca de documentos em sua maioria ainda física (faturas, certificados de origem, faturas comerciais, cobranças, etc), olha o motoboy aí! Sem eles teríamos problemas. Os escritórios destas empresas estão concentrados na região da Paulista, Berrini, Zonas Sul e Oeste.

Da mesma forma os caminhões que abastecem e suprem nossas necessidades diárias. Sentimos na pele a última interrupção dos combustíveis.

Mais de 300 mil ciclistas cruzam a cidade ao menos uma vez por semana na megalópole por necessidade de deslocamento, sem este recurso não cumpririam seus horários, e por aí vai.

A alta concentração por metro quadrado também nos preocupa e causa reflexo na mobilidade urbana. Com  significativas melhorias quanto à sustentabilidade, atualmente a cidade de São Paulo ocupa o quarto lugar em edifícios sustentáveis, onde há preocupações como: sistemas de captação e reuso de água, recuperação de energia, estacionamentos verticalizados, coletas seletivas, centrais elétricas autônomas, etc.

No trânsito, conflitos do dia a dia moderno refletem no coletivo a individualidade de cada um e suas frustrações, não permitindo a nós mesmos prevermos nossos comportamentos.

Um dos maiores desafios de qualquer gestor público na atualidade: criar instrumentos e políticas de gestão do espaço urbano regional, incluindo áreas metropolitanas; políticas de transporte e infraestrutura de mobilidade urbana, além da conscientização e sensibilização da população sobre o tema.

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