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Conteúdo 22 de julho de 2012

Logística sobre duas rodas

Esta semana homenageia os profissionais quem estão na linha de frente da nossa logística de transportes. Começa com o dia do motorista na quarta-feira, dia 25, e se estende até o dia 27, sexta-feira, com o dia do motociclista. Já que a lei do maior proteger o menor não vem sendo obedecida, aplico-a nesse texto, e venho destacar um pouco mais da logística mais perigosa que submete os nossos motociclistas às mais injustas condições.

Não que os motoristas não mereçam homenagens. Já as antecipo e as conduzo com nossos sinceros agradecimentos a esses profissionais transportadores de soluções e de solucionadores que fazem parte da força desse País. Destacando cada um de nós nessa “teia” de dificuldades que é o trânsito brasileiro.

Destaco os verdadeiros motociclistas, aqueles que respeitam as leis de trânsito e fazem parte da solução e do bom atendimento. Infelizmente não são todos que se dispõem a fazer a diferença positiva. Mas a história do justo pagar pelo pecador é, no mínimo, injusta.

Num artigo anterior, eu homenageei os caminhoneiros com histórias pitorescas que envolvem as rotinas desses profissionais. Hoje, não tenho histórias engraçadas para aliviar o cotidiano desses trabalhadores, muitas vezes carregados de estresse e de fatos trágicos. Aliás, chamo atenção à sua importância, à necessidade de uma boa educação no trânsito e à falta de estrutura que se enfrenta para o cumprimento de tarefas nada simples.

A verdade é que São Cristovão, São Francisco, Nossa Senhora e todos os santos protetores nunca trabalharam tanto. Cada dia se descobre mais a diferença entre motociclistas e motoqueiros. Os motoqueiros são os que mais frequentam os hospitais. O motociclista não é aquele que quebra retrovisores ou aquele que está sempre cheio de razão por estar errado. O motociclista é aquele que sabe que seu sustento depende de sua profissão e a dignifica como instrumento para melhorar o trânsito e a sociedade.

No Brasil, a frota de motos cresceu mais de 300% em dez anos. Hoje, são mais de 11milhões de unidades e as montadoras no Amazonas falam de um aumento de mais de 40% na produção. Embora tenham aumentado em todo o Brasil, os números se fortalecem na Região Nordeste. A facilitação do financiamento, a precariedade do transporte público e a estrutura viária incapaz de absorver tantos carros, têm levado muitos brasileiros a optar por esse meio de transporte, fortalecido pelo baixo custo de manutenção mesmo com impostos e taxas mais altas.

Isso nos leva a uma extensa abertura de mercado que contempla não só as montadoras como seguradoras, concessionárias, bancos e empresas que dependem dessa ponta para sua logística descompactada e mais ágil. Mas isso também nos apresenta uma extrema necessidade de educação no trânsito. Eu, particularmente, uso carro e moto frequentemente, constato que a falta de respeito vem de ambos os lados. Na moto vem com uma dose substancial de perigo por ser menor e mais rápida. Às vezes, isso é acompanhado por alguns mitos como: moto se mete em qualquer lugar ou é mais fácil parar. Na verdade, a frenagem de uma moto envolve mais riscos do que a de um carro. Observo que o trânsito “respeita” a um carro bem mais do que a uma moto. Também sei dos absurdos que motos se expõem: trafegam nos pontos cegos, ultrapassam entre carros… Enfim, só apontar erros não resolve nada. É necessário colocar cidadãos sobre essas rodas. A forma com que a situação vem sendo vista e vivida nos leva a um profundo temor, pois ela também vem crescendo. Se não nos prepararmos para esse aumento não encontraremos outras vítimas, senão nós mesmos. Não é fácil desmistificar alguns dos pensamentos e comportamentos presentes em nosso trânsito, mas é perfeitamente possível fazermos nossa parte. Nossa pressa não deve ficar acima da nossa educação para que nenhum transtorno chegue primeiro que nosso ponto de destino.

Já fui salvo diversas vezes por esses profissionais: Um documento urgente, uma pecinha para não parar tudo… Quem já não precisou? Quem já não se aborreceu quando eles cortam o trânsito para salvar a pele de outros? Mesma coisa que outros sentiram quando era a nossa pele. Devemos pedir-lhes mais responsabilidade, mas devemos ofertar-lhes mais respeito.

Um projeto que tramita no Congresso Nacional visa proteger motociclistas de “empresas” que prometem prazos absurdos explorando essa mão-de-obra e contribuindo para sustos e acidentes de trânsito. Espero que tenhamos mais a comemorar.

Parabéns a todos que educam nosso trânsito para a preservação da vida.

 

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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