Logística: Riscos de assédio moral num ambiente de muita pressão

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. “As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ‘mal estar na globalização”, onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

A Logística por si só já configura uma série de pressões por resultados, constantemente temos metas, planos, ações a serem colocadas em prática. Esta é a rotina de trabalho, onde um dia nunca será igual ao outro, ainda que num mesmo processo.

Este é o tipo de assunto que ninguém quer tocar. Minha intenção aqui é alertar para que as empresas busquem entender razões que muitas vezes podem levar o bom colaborador a pedir demissão, e em alguns casos investigar como anda de fato o ambiente de trabalho. Devemos ter foco no processo, e apesar de termos mão de obra disponível, cabe determinar que o ambiente da empresa seja bom para o desenvolvimento do trabalho e a satisfação dos colaboradores.

Existe um limite em que as coisas saem de situações normais desejáveis para a atividade. Evite atitudes mais hostis de humilhações e subjetividades correlatas, principalmente desmerecendo os membros mais fragilizados de sua equipe.

Há empresas boas, com bons pacotes de benefícios, excelente remuneração, mas péssimo ambiente para se trabalhar, e por vezes suas diretorias não enxergam ou ignoram isso; confiando muito poder nas mãos de  quem não sabe lidar com ele.

As pessoas também contribuem para que o clima não fique harmonioso, quando há exercícios de poder o risco aumenta cada vez mais, buscando alguma forma de vantagem, aspas se proteger de possível incompetência, aspas enxergar que outro é melhor, dificuldades de admitir que outra pessoa tem maior traquejo com determinados assuntos pertinentes a tarefa. O famoso ofuscar o brilho do mestre, e ainda, pasmem, existem pessoas que são simpáticas a determinados climas de caos, pra ver quem é que agüenta a pressão.

Geralmente todas as situações são remetidas com intenção de que a pessoa desista, forçando a sair do emprego, ou duvidar de sua própria competência e profissionalismo.

Dificilmente iremos encontrar profissionais nas empresas pequenas, médias ou grandes que não sofreram nenhum tipo de assédio moral ou humilhação, de diferentes tipos, neguemos então que isso aconteça, mas vamos entender como se configura o tal assédio moral:

1.    Exposições dos colaboradores em situações de humilhação ou constrangimento, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas

2.    Predominam condutas negativas, relações desumanas e não éticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistirem do emprego.

3.    Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos líderes em relação aos liderados, tidas como “normais” ou já incorporadas no Sistema.

4.    A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares.

5.    Por vezes, por medo de perder o emprego e a vergonha de serem humilhados associados ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e ritualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto de tolerância e do silêncio (sei o que se passa, mas não posso fazer nada, é assim mesmo) no coletivo

A vítima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua auto-estima.

Quer seja um ato ou repetição deste ato, devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos, que certamente poderá virar a “bola da vez”.

Já sofri e presenciei situações aqui relatadas, portanto fiquem de olho e revejam seus conceitos quando forem tratar seus colegas, em quaisquer níveis hierárquicos que se encontrem, de baixo para cima e de cima para baixo, respeitando-os, dando o valor que realmente possuem, por competência, profissionalismo ou merecimento.

Se estiver passando por isso, aqui vão algumas dicas:

1.    Registre tudo o que puder datas, horários, testemunhas, etc.

2.    Se for por email, não responda aos emails, vai saber se o agressor não quer isso mesmo pra usar contra você. Não bata de frente.

3.    Ao invés de se afastar, esteja próximo, sua presença irá gerar um comparativo entre o bom e o ruim, e você poderá ganhar forças com isso, mas não vá se entregar à situação e ser permissivo.

4.    Não tome decisões como pedir demissão motivada por este tipo de conflito, busque apoio externo, e se fortaleça.

5.    Não comente com nenhum membro da equipe o que eles já sabem, guarde consigo suas individualidades (entenda como driblar a situação politicamente; política e poder andam juntos), considerando a possibilidade de que também possa estar errado.

6.    Fortaleça-se na equipe, a equipe é o coletivo, e ninguém é maior que a opinião pública; ganhe o grupo.

Se for impossível mesmo, busque outra oportunidade com calma, seguramente sua vez vai chegar –  impossível que o seu talento não seja reconhecido. Não faça disso um escudo, achando que é o melhor profissional do mercado.

Créditos ao site: www.assediomoral.org e a OIT: link:http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/inf/pr/2000/37.htm