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Conteúdo 10 de março de 2013

Logística portuária na Baixada Santista e os novos terminais do Porto de Santos

Em Maio de 2011, tive a oportunidade de escrever sobre a importância da Atividade Logística Portuária na Baixada Santista, este artigo foi publicado no Site Oficial do Porto de Santos. Agora, quase dois anos mais tarde, venho novamente retomar o tema, comparando informações da época, relatando na íntegra os aspectos positivos e as oportunidades com a concretização da expansão prevista e os novos terminais.

A atividade logística portuária é sem dúvida o carro chefe do desenvolvimento e crescimento da região da baixada santista. Não só das cidades que margeiam o Porto, como Santos e Guarujá, bem como as demais localidades que fornecem mão de obra, ou atraem empresas para lá, como o caso de São Vicente, por exemplo. Desafios como densidade demográfica, mobilidade urbana, delimitações de áreas, preservação ambiental, desemprego regional, infraestrutura, falta de especialização de mão de obra, são assuntos diretamente ligados, e deverão ser entendidos pelas autoridades para soluções regionais, e nelas não poderá ser desconsiderada a atividade logística portuária.

Ainda faltam algumas iniciativas no sentido de suporte a profissionalização e falta de especialização da mão de obra, são assuntos diretamente ligados, e deverão ser entendidos pelas autoridades para soluções regionais, e nelas não poderá ser desconsiderada a atividade logística portuária.

É preciso aceitar que os tempos são outros, e adequar-se às tendências são ações necessárias, pois as coisas mudam, é rápido. Fechamento do circuito em torno de uma válida preservação de direitos, porém dependendo da forma como é conduzida dará espaço para outros modelos, e efetiva perda de oportunidades – perdem os profissionais da região, perdem as empresas.

Devemos reivindicar nossos direitos, e lutar pela preservação de nossas atividades, e não dá para fazê-lo à moda antiga. Gente competente executando processos, mas com dificuldades para liderá-los. Há uma demanda enorme de profissionais com conhecimento técnico e visão holística, no perfil de gestão, principalmente no nível operacional, por conta da adoção de modernos conceitos de logística, que precisam ser compreendidos. Um exemplo são as novas configurações de prestação de serviços de terminais e armadores que ofertam pacotes de serviços com soluções exclusivas de acordo com os perfis de seus clientes, conceitos incorporados de modelos já funcionais em outros segmentos da logística.

Cada vez mais temos um afunilamento, onde só serão atrativas as empresas que ofertarem soluções incorporadas a uma atividade, quer seja o transporte quer seja serviços de terminais ou outros, e é isso que os clientes esperam.

No nível estratégico-tático, já são observadas migrações de profissionais de diversas localidades para a região, ou ocupando postos importantes em algumas empresas que operam na região. Nas operações, burocracia documental, erros processuais, agendamentos, filas enormes nos terminais e uma quantidade similar de cargas que deveriam estar só de passagem, sendo armazenadas.

As empresas de transportes atualmente, quase ou nenhuma tem aproveitamento de duas viagens/dia em trajetos curtos; quem paga esta conta? Considerando a mercadoria liberada no terminal, os trâmites documentais, atendimento aos planos de gerenciamento de riscos, agendamento, retirada de vazios, escoltas, etc. consomem mais tempo que muitos percursos a serem percorridos para entrega efetiva da mercadoria. Sem falar nos casos extremos em que a mercadoria não é liberada por conta de documentação errada.

Uma melhor ordenação nos processos operacionais poderiam economizar milhões, se houvesse uma sinergia dos processos operacionais, em conformidade com as partes envolvidas, certamente além da economia, performance seria aumentada.

Desde o ano passado temos novos terminais sendo construídos e inaugurados em breve, segundo estimativas irão aumentar em 50% a capacidade do transporte de contêineres no porto, mas se os modelos de trabalhos forem os mesmos, pouco amenizam.

Os novos players apresentam algumas características que chamam a atenção, como por exemplo:

1. Efetiva ligação da malha ferroviária à rodoviária, com passagem por entre as instalações, permitindo maior sinergia nos modais “rodo – ferro – marítimo”.

2. As empresas utilizam-se de expertise em operação portuária em vários países do mundo, isso proporciona uma vantagem tremenda em relação às práticas já existentes.

3. Os terminais são multiuso, úteis desde a movimentação de contêineres, granéis líquidos, sólidos e veículos.

4. Um está localizado na região da Alemoa, o outro na Ilha Barnabé (margem esquerda) na divisa com Guarujá, em frente à antiga Base Aérea de Santos; favorecendo a geração de emprego e renda para aquela cidade.

5. Modernos equipamentos de movimentação e elevação de cargas irão compor as instalações, além de tecnologia de ponta para agendamentos e escalas.

6. Seguindo o modelo de outras empresas já instaladas na região, um dos novos terminais destinaram recursos da ordem de R$ 12.000.000,00 (Doze Milhões de Reais) em programas de inclusão de comunidades locais e meio ambiente, enquanto o outro destinou mais de 20% de seu investimento para descontaminação da área em que está sendo instalado.

Os investimentos superam 4,1 bilhões de reais, para ambas as margens, somente nestes dois terminais mais expressivos que estão sendo concretizados ainda este ano.

Juntos os terminais somam quase 1,5 milhões de m², em modernas instalações com capacidade de movimentação 3,2 milhões de TEUS, 2 bilhões de litros de granéis líquidos na margem esquerda, mais 1,4 milhões de toneladas de granéis líquidos na margem direita.

Geração de 14000 empregos indiretos e 2500 empregos diretos com prioridade para mão de obra da região, toda esta população deve ser qualificada. Em Guarujá hoje, temos no Porto uma enorme fonte de empregabilidade, coisa que quando morei lá, nas décadas de 80 e 90, não acontecia, por dois fatores talvez: não era acessível, e só enxergávamos a praia. Os gestores da época só pensavam em desenvolver o Turismo, esquecendo por vezes a importância do Porto.

Há um potencial enorme de instalação de novas instituições de ensino superior na região, por conta de um contingente todo a ser preparado para suprir as necessidades locais para as áreas de logística, gestão portuária, línguas, e comércio exterior; sem falar em cursos também voltados para a área operacional, este contingente também deve ser preparado.

Os novos terminais deixarão ainda mais “acirrada” a disputa por clientes, principalmente por conta de algumas vantagens estratégicas e sinérgicas oferecidas por eles.  O mercado de transportes de cargas em container com origem ou destino porto também deverá sentir o reflexo, uma vez que nem todas as mercadorias poderão “subir a serra via ferrovia”.

Haverá também significativa melhora nos salários, não se operacionaliza um terminal portuário com mão de obra inexperiente; ao menos nesta fase do projeto haverão de serem sondados os principais ícones locais, aqueles profissionais que fazem as coisas acontecerem no âmbito comercial e operacional.

Caso os profissionais locais não se qualifiquem, a oferta para pessoal de fora deverá ser atrativa, e isso reflete no mercado de maneira geral.

A remuneração do profissional de logística na Baixada Santista hoje já está equiparada às demais regiões para alguns cargos, com pacotes atrativos de benefícios e estando bem focado é possível construir uma carreira nestas companhias. Sei de pessoal amigo brilhando lá fora, ou em outros estados, iniciando em terminais da baixada.

Continuamos com os velhos problemas de sempre: gargalo físico-operacional, baixa capacidade de recepção das cargas, vias de acesso com infraestrutura ruim, principalmente para operações na margem esquerda. Impossível os motoristas cumprirem a lei da jornada virando noite numa fila que vai do “pé da serra” até a porta dos terminais.

Pensem nisso!

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