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Conteúdo 15 de fevereiro de 2016

Infraestrutura é a cura para um PIB doente (PARTE 2/2)

A infraestrutura brasileira é ferozmente atacada por políticas públicas que visam uma concentração de recursos para a facilitação da corrupção. Sustento isso com propriedade, pois já fui responsável, através de uma grande empresa, por dados relativos às rodovias de sete estados brasileiros cujas obras eram visitadas por mim e presenciei inúmeros problemas por falta de repasse das verbas ou por desvios destas. Vias de péssima qualidade, feitas para durar pouco e assim atrair mais recursos, são a tônica do nosso ultrapassado setor de transportes.

O Brasil recentemente vem sendo apontado como responsável, juntamente com a China, pela redução da estimativa de crescimento do PIB mundial em 2016 que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) será de 3,4% e não de 3,6% como anteriormente. A redução também será sentida em 2017. Não parece uma queda significativa, mas estamos falando de um PIB global em torno de 75 trilhões de dólares em que 70% desse valor é formado pelos dez primeiros colocados. O Brasil foi 8º em 2015, superado pela Índia. O país já foi o 6º em 2011 e desde então vem caindo consecutivamente. Ainda segundo o FMI, seremos superados também pela Itália em 2016.

Se somarmos o PIB de 2014 (0,1%), ao recuo de 3,7% em 2015 (números ainda não oficiais), às estimativas de um recuo de 3,4% também em 2016 e 0% em 2017, agravado pela expansão da economia global, temos um Brasil muito enfraquecido diante de seus propósitos econômicos com o mundo. E isso afeta diretamente nosso bolso. É como se você tivesse recebido R$ 100 mil em 2014 para pagar R$ 95 mil em dívidas e em 2017 recebesse R$ 95 mil para pagar R$ 115 mil em dívidas.

Infelizmente, e volto a dizer que não defendo nenhum partido político, pois as práticas políticas de todos eles são quase todas equivocadas e exclusivistas, o governo vem com medidas extremistas que inclui a injeção de R$ 83 bi através de empréstimos ao já endividado trabalhador que dará como garantia parte de seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o retorno de impostos criados para um propósito e desvirtuados em seguida, como foi a Contribuição PROVISÓRIA sobre Movimentação Financeira (CPMF) criada para o socorro da saúde pública em 1996, que vigorou até 2007 e externou desvios e aplicações indevidas em outras áreas. Criada por um partido, criticada por outro, agora defendida por outro e criticada por um… Nossa, que confusão! Isso também já ocorreu em 2001 com uma fatia de 10% a mais para as empresas sobre o FGTS das rescisões contratuais de empregados para que o governo cobrisse rombos de planos falidos que persistem até então. A máquina pública brasileira não se cansa de vampirismos? Não precisamos de mais dinheiro nesse momento, precisamos de credibilidade. E isso só vem através de dois caminhos: cortes de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para gerar empregos baixando custos de produção e de distribuição ao mesmo tempo em que atrai mais investidores. Meu Deus! Será que todos os economistas deste país estão equivocados do ponto de vista do governo? Por mais quanto tempo suportaremos pagar essas contas e vê-las aumentando a cada dia?

E a infraestrutura fica dependendo de uma reforma política, mas só vemos disputas intermináveis pelo poder; de uma reforma fiscal, mas o que vemos são estados mergulhados em dívidas públicas com a União e suas disputas pela maior fatia dos impostos sobre produtos e serviços; de uma reforma previdenciária para equilibrar seu passivo, mas o que vemos são brasileiros com seus direitos violados diante de uma Previdência falida que sustentou uma greve, por mais de cem dias, para evitar pagar direitos aos trabalhadores que dela dependiam no momento. Ou será que não deveríamos associar a greve a uma economia temporária de recursos do Órgão cujo governo, em nenhum momento, se pronunciou publicamente com o interesse de resolvê-la? Caminhamos também para essa Previdência sem sabermos em qual situação estará quando dela precisarmos, e o mesmo acontece com nossa infraestrutura que não suporta mais esperar por providências e vê seu conjunto ultrapassado, seus usuários limitados e seus projetos adiados.

Investir em infraestrutura hoje não é só uma necessidade econômica, acima de tudo, é uma necessidade humana para que os usuários de transportes sejam tratados com dignidade, a distribuição aproveite ao máximo as riquezas que produzimos, o saneamento possa melhorar a saúde das pessoas e que possamos colher as melhorias de qualidade de vida que o Estado tem o dever de ofertar. Para isso, a palavra “impossível” deve se transformar em “projetos”, “promessa” em “ação” e “corrupção” em “assassinato” perante a Justiça deste amado e sofrido Brasil. E que meu “discurso” não seja “discurso”.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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