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Conteúdo 30 de setembro de 2012

Indústria precisa ganhar competitividade

As medidas adotadas pelo governo para impulsionar a produção industrial não atacam o principal do setor: a falta de competitividade. Essas ações, emergenciais, têm efeito isolado e, sobretudo, limitado. E mesmo que tragam resultados positivos, estes são momentâneos. Para assegurar um desenvolvimento econômico sustentável o país precisa estruturar políticas de longo prazo e não apenas para resolver problemas de altos estoques. É necessário desatar nós já bem conhecidos, como a falta de investimento em infraestrutura, a carência de mão de obra qualificada e a alta carga tributária.

Um bom exemplo de como as atuais medidas tem caráter meramente paliativo é a indústria automobilística. Está claro que a estratégia que combinou renúncia fiscal a oferta de crédito produziu bons frutos, mas está esgotada. Chegou o momento de planejar seriamente a modernização da cadeia produtiva. Segundo a Anfavea, os custos de produção da indústria automobilística no Brasil são 60% superiores aos da China, 55% mais altos que os da Índia e 40% maiores do que os do México. Isso porque um velho fantasma ainda assombra o setor industrial: o chamado “custo Brasil”.

Legislação tributária complexa – que não será resolvida com desonerações pontuais – e deficiências na infraestrutura são os principais responsáveis pelo custo de produção nada competitivo. Essas questões dizem respeito principalmente ao Governo, que precisa atacar essas falhas de processo e investir de verdade na recuperação de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Nos últimos quatro anos, os investimentos em transportes não ultrapassaram 0,5% do PIB. Não é preciso nem dizer que é pouco. O país precisaria investir no mínimo 3%. E se quisesse se aproximar dos investimentos dos países asiáticos, 5%. Só para se ter uma ideia: em 2010, a China investiu próximo de 10% do PIB em infraestrutura.

Da mesma maneira, as empresas precisam investir em tecnologia, se modernizar e deixar de contar apenas com as benesses oficiais para garantir lucros. Este é o momento para uma análise detalhada de toda a produção e identificação de eventuais melhorias nas diversas etapas. Principalmente, porque no caso da indústria automobilística, por exemplo, falamos de uma cadeia longa e consecutiva. No entanto, boa parte opera com planejamentos logísticos defasados, mais ainda quando o objetivo é exportar. A movimentação e armazenagem de peças e produtos, além das questões fiscais peculiares de cada país, concentram grande parte do custo de produção. Ganhar eficiência nessa etapa é fundamental obter competitividade.

Só a indústria automobilística representa 22% do PIB industrial e 5% do total, empregando 1,5 milhão de pessoas. Sua saúde é de interesse do país e é fundamental buscar meios para o seu desenvolvimento sustentável. Não se pode deixar uma parcela tão expressiva da economia depender de estímulos sazonais. Aliás, não se pode atrelar o desenvolvimento de qualquer segmento que seja da indústria a essas medidas de reboque. E o único caminho para essa independência é se estabelecer como produtor global. Para isso, será necessário agregar valor à produção, investir em inovação e diminuir o custo de produção.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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