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Conteúdo 9 de julho de 2012

Estamos (pre)parados para a tecnologia?

Muito já se discutiu sobre as gerações “X” e “Y”. Muito se falou sobre a era tecnológica que experimentamos e o quanto estamos inseridos nesse contexto. Mas, será que a tecnologia contribui de forma positiva com a nossa qualidade de vida? Em que nossos governantes contribuem para que estejamos preparados para o uso da tecnologia? Estamos mesmo preparados?

Não há dúvidas de que as coisas mudam mais rápido do que podemos compreendê-las. Sou daqueles que gostam de ler o manual. Mas, isso não me impediu de comprar uma TV de última geração há três anos e no ano seguinte ela já não atendia às necessidades do mercado digital, sem interatividade, internet e plugs que conectam o que nem se imaginava no ano passado. Não que eu use tudo o que ela oferece, mas custou mais do que uma nova que atende a tudo isso… Aí quando mexe no bolso a coisa complica.

Aos jovens que me leem, fica difícil explicar como foi a minha juventude sem o acesso tecnológico de hoje. Imaginem vocês, ter que ir ao banco, enfrentar filas que tomavam as portas para pagar uma simples conta de energia – e não sou tão velho assim, só tenho 40.

A era tecnológica se via pela TV, nos filmes cheios de (d)efeitos especiais bem diferentes de hoje. Se Spilberg teve que aguardar a tecnologia avançar para filmar suas ideias, imagine assistir a um Super-Homem que, para passar a imagem de estar voando, ficava sobre uma mesa […].

Lembro-me da primeira vez que ouvi falar da internet. Não se tinha noção do quanto isso mudaria nossas rotinas. Lembro-me quando minha mãe usou a lavadora de roupas pela primeira vez. Pura praticidade! Revolução no gerenciamento do tempo das donas-de-casa. Pensar que a geladeira lá de casa só sabia o que era degelo automático quando faltava energia […] e isso acontecia numa frequência irritante.

Irritante mesmo era saber que vivíamos o passado de muitos países. Ainda há muito disso, mesmo com a velocidade da globalização. Ainda experimentamos tecnologias que estão presentes nas rotinas de muitos países há algum tempo. Produtos que ainda não chegaram ao nosso mercado. A minha TV de hoje estava lá no ano passado…

Nesse ponto, entram as questões das políticas governamentais. Nossas leis de importação ainda visam arrecadação e não uma inclusão. Visam proteção de um mercado e não sua expansão através do desenvolvimento de novas tecnologias – abordei esse assunto no artigo sobre “Déficit Tecnológico” onde se prevê que o Brasil, daqui vinte anos, será um mero importador de tecnologia se não investir em novas ideias que possam nos assegurar uma posição diferente no mercado –. A questão do risco nos negócios, que sabemos ser tão presente nos mercados hoje, é impedida pela “superproteção” das nossas leis que atuam de forma a “premiar” com garantias esses mercados que não se desenvolvem tecnologicamente e, assim, nos privam da tecnologia que sabemos existir, mas só temos acesso se formos ao seu encontro. Assim mesmo, limitados por peso e valor.

A questão cultural diz muito sobre a absorvência dos meios tecnológicos. Ainda vejo idosos recebendo sua aposentadoria em bancos os quais eles gostariam que fossem todos como antes. Afinal, esse “troço” de caixa eletrônico nunca funciona direito com eles. Isso deve ser respeitado, mesmo que a nossa “pressa” nos incentive a reclamar da situação. Esse é o caso da velocidade da inovação não ser compatível com a velocidade cultural. Nossa inclusão digital é bem recente e até que haja coesão dessas velocidades ainda levará um tempo.

Num país onde não se garante a todos o acesso à escola, onde as escolas não têm acesso à informática, onde vemos a tecnologia perto dos olhos e longe dos bolsos, não se pode exigir a aptidão de todos com as teclas e sensores espalhados por todos os cantos. Culturalmente, algumas vantagens tecnológicas ainda não são aceitas como pensamos. E por mais que achemos ou queiramos que todos estejam nessa velocidade, tudo acontece a seu tempo. Aliás, tempo é a maior vantagem da tecnologia, maior que a qualidade. A chave está aqui: Se a tecnologia contribui ou não com nossa qualidade de vida, nós decidimos ao usar o tempo a mais que ela nos proporciona.

É certo que minha máquina de escrever está mais do que aposentada. Hoje não perco tempo com correções, basta teclar o “del” e recomeçar; nada de borrachinha de apagar. Nada de pesquisar palavras no dicionário, só preciso de um bom revisor de textos. Talvez nem precise mais estudar, só é necessário saber apertar a tecla certa […].

Sou fã da tecnologia, mas confesso que me incomoda ver a transformação do conforto em sedentarismo, da facilidade em comodismo. A tecnologia facilita nossas vidas, mas não podemos deixar de vivê-las. Você não está nu porque esqueceu o celular em casa. É você quem ainda tem que pensar ao executar suas tarefas. Em casa, estamos deixando tudo automatizado. No trabalho, já faz muitas das nossas tarefas. As máquinas já tomam nossas vagas, mas continuamos no controle. […] Alguém pode falar isso para elas?

 

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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