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Conteúdo 17 de fevereiro de 2013

De transportador a operador logístico: um longo caminho a percorrer

Temos acompanhado, com certa frequência, notícias de que transportadoras estão se tornando operadores logísticos. Na minha análise, isto vem ocorrendo, de forma cada vez mais acelerada, devido a muitas transportadoras estarem sendo contratadas por operadores logísticos já existentes no mercado e detentores de grandes contas junto aos embarcadores, para realizar a operação de transporte (coleta, transferência e distribuição fechada e fracionada da carga.

Neste cenário, é comum a transportadora enxergando uma oportunidade de negócio existente, buscar tornar-se um operador logístico para então poder atuar de forma direta junto aos clientes, já que ao realizar a operação de transporte, já efetua uma parte muito importante do processo logístico.

Este processo de migração de transportadora para operador logístico pode parecer muito simples, mas existe um longo caminho a percorrer. Muitas transportadoras já reúnem grande parte dos requisitos para fazer esta migração de atividade sem grandes problemas no meio da jornada, mas, infelizmente, muitas pensam e agem com muita simplicidade na análise da questão e aí surge o risco de não ter sucesso em nenhuma das atividades, a original de transportadora e a desejada de ser operador logístico.

Refletindo um pouco sobre o tema, comecei a analisar as possíveis causas de insucesso deste processo de migração de uma transportadora para um operador logístico, e penso que os dirigentes de transportadoras que estão vivenciando este processo devem analisar os seguintes pontos:

• Tecnologia – Operadores logísticos necessitam de grande suporte de tecnologia, pois a agilidade, a acurácia e, principalmente, a visibilidade da informação são cruciais para o bom atendimento ao cliente;

• Recursos Humanos – Operadores logísticos demandam profissionais altamente qualificados em termos operacionais, comerciais e principalmente gerenciais. Neste sentido faz-se necessário uma política de atração, capacitação, retenção e motivação das pessoas bem arrojada;

• Projetos & Processos – A produtividade de uma operação logística é obtida através de estudo de fluxos, tempos e movimentos e melhorias constantes nos processos de cada operação existente que deve buscar sinergia com as novas operações que chegam. Logo é essencial ter uma equipe que cuide destes pontos.

• Know-How logístico – Um erro muito comum é a transportadora achar que por já fazer a operação de transporte, já ter um armazém onde mercadorias circulam e até ficam guardadas, e em alguns casos já fazer etiquetagem em embalagens coletadas ela detém todo o know-how para se tornar um operador logístico. Operadores logísticos fazem e são responsáveis por muito mais do que estas atividades descritas. Logo é importante contar em seu quadro com profissionais que tenham know-how logístico.

• Negociações comerciais – As negociações relacionadas a tarifas de fretes reúnem uma complexidade bem diferente de uma negociação de uma operação logística, onde devem ser consideradas diversas variáveis envolvidas. Vale destacar também que a negociação é realizada com tomadores de decisão de outra escala hierárquica do cliente, é mais longa e mais técnica exigindo assim um profissional mais qualificado;

• Apuração de custos – Em operações logísticas, é essencial conhecer bem detalhadamente os custos de cada etapa do processo operacional do cliente. Este detalhamento lhe proporcionará identificar se o seu preço está adequado, se existe possibilidade de redução, sinergia ou otimização de recursos;

• Retorno do Investimento – Normalmente, projetos logísticos demandam de um prazo maior para darem retorno. No entanto, as margens são maiores e os contratos estabelecidos com os clientes mais longos. Como grande parte das vezes a transportadora tem uma estratégia de curto prazo, quando se deparam com negócios que gerarão retorno de médio e longo prazo existe um certo impasse.

• Conhecimento tributário – Operações logísticas são regulamentadas por legislação própria e é imprescindível a existência de um profissional que entenda bem destas questões.

• Cultura organizacional – Muitos processos de migração de transportadora para operador logístico fracassam, pois a cultura da empresa e a forma de condução de seus dirigentes continuam atreladas a forma antes utilizada para gerir os negócios focados somente em operações de transportes.

Bem, como podemos ver acima, existem alguns pontos que precisam acompanhar a decisão da transportadora caminhar para se tornar um operador logístico. Com certeza existem muitos outros a serem observados também. Mas, o importante é que a transportadora ao pensar em tomar esta decisão não a faça apenas por impulso, modismo ou por querer avançar em outro mercado. Que esta decisão seja pensada, estruturada, planejada e principalmente consciente das mudanças que serão necessárias na forma de gestão deste novo negócio (operador logístico) pois de outra forma, a chance deste processo de migração não lograr êxito tende a aumentar.

 

Hélio Meirim Hélio Meirim

CEO da HRM Logística Consultora & Treinamento, atuou por mais de 20 anos, no Brasil e no exterior (Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal), em cargos executivos de empresas nacionais e multinacionais nos segmentos de Operadores Logísticos, transportadores, varejo, e-commerce, indústria farmacêutica, alimentícia, siderúrgica, química e agrobusiness. Mestre em Administração, possui especializações em Marketing, Logística, Docência Superior e Análise de Projetos e Sistemas. Mentor, professor, escritor e palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais e coordenador da Comissão de Logística do Conselho Regional de Administração – RJ. Por dois anos, recebeu a moção honrosa por serviços relevantes prestados à profissão de Administrador, concedida pela ALERJ – Assembleia Legislativa RJ. Continua sendo um eterno estudante e pesquisador.

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