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Conteúdo 28 de novembro de 2011

Crise Educacional Coletiva

Que a educação está agonizando nesses tempos em que mais se necessita dela, todos sabem. Que a educação, vital à sociedade, se tornou banal para uns e inalcançável para outros, também já se sabe. Talvez o que não se saiba é como sair disso, porque fomos sendo conduzidos, paulatina e irresponsavelmente, por esse caminho e agora notamos que precisamos voltar, mas já se caminhou muito na direção errada. E agora, como retornar?
Quando se fala de governos sempre preferimos usar os verbos errados nos momentos errados: culpar e não cobrar, cobrar e não participar, participar e não agir. Isso é causado por outro verbo: o “desconhecer”. Situação agravada pela nossa simples falta de interesse. Entregamos as nossas decisões nas mãos da política sem que se queira saber quem a conduz. Depois só nos resta a indignação. Pobre e pequena indignação que não passa da porta de nossas casas, dormindo ainda viva conosco para estar morta pela manhã. E a vida segue.

Talvez haja dureza nas palavras, mas esquecemos que os governantes saem do nosso meio. Pertencem a nossa mesma sociedade. São aqueles familiares, amigos ou aqueles conhecidos que empregam outros conhecidos para ajudá-los no ciclo do poder. Sem o domínio do verbo mais importante nesse caso, o “eleger”, como e o que cobrar?

Quando escrevi o artigo “Crise educacional individual”, destaquei a importância da influência de cada indivíduo no contexto da educação. Cada um contribui para um todo. Óbvio. Se não estivesse acontecendo o contrário…

A influência do ambiente pode ser mais forte do que a nossa identidade? Vem sendo. Atribuo, principalmente, àquela preocupação de como o outro nos enxergará – isso é importante à nossa conduta e não para um nivelamento –. Por isso, esse ambiente precisa ser sadio, pois quando juntamos uma porção de valores daqui ou dali, o resultado pode ser catastrófico.

Temos acompanhado a quantidade de carros de luxo envolvidos em acidentes que, por sobrepujar o respeito coletivo, o condutor parece sentir as vidas “desprezíveis” dos outros na palma de sua mão […] Essas mesmas pessoas foram aqueles alunos que, quando chamados à atenção por parte de suas professoras e professores, disseram o que mais se ouve em escolas renomadas: “Meu pai é quem paga o seu salário. Você é só uma empregadinha!” O pai vem reforçar isso com a diretora. A professora é repreendida. Afinal, não é assim que se conduz uma “empresa”. Como se manter ativa se afugentar seus “clientes”?

A inércia do Ensino Público é tão evidente que, diretores, professores e alunos que se destacam positivamente dentro desse campo são merecedores de aplausos. A essas pessoas, da área pública e privada, o nosso respeito e o nosso muito obrigado!
Agora me vem um pouco de nostalgia […] Tempos bons em que se tratava a figura do professor com a mesma forma respeitosa de um pai e de uma mãe. Hoje isso também ocorre. Contudo, os pais já não são respeitados e isso aflora em sala de aula, na hora da formação do conhecimento. Talvez seja isso que o aluno prefira carregar consigo para buscar suas vitórias futuras. Pior, leva outros alunos para o mesmo caminho. Afinal, educação hoje está virando coisa de careta […] Estamos, erroneamente, nos acostumando mais e mais com sua ausência. Estamos mais preocupados em formar profissionais do que formar pessoas.

Não vou falar dos baixos salários na área da educação, mas da sua razão de construir. Não vou falar dos altos salários na política, mas da sua razão de servir. As duas são vitais. Hoje você escolheria o magistério ou a política?
Hoje, dificilmente, se escolhe uma profissão por sua razão. Já escrevi em artigos anteriores sobre médicos que não suportam ver sangue, mas são conduzidos, por diferentes situações, a uma profissão que não será honrada. A área da educação também não estaria totalmente livre disso caso os salários fossem atraentes. Aqui está o problema. Muitas profissões foram abraçadas pelo capitalismo, a educação foi esquecida. Nem poderia ser diferente, já que nessa idéia de “o maior quem manda” há de ter os menores para obedecer. Como a educação coloca todos em situação de igualdade, ela é uma inimiga natural nessa relação, e vem sendo aniquilada pelo uso daquilo que ela tanto combate: a estupidez.

Não é necessária uma fórmula mágica para reverter essa situação. Basta olhar e combater as causas. A dificuldade maior se deve à origem desses “ataques” que colocam a área da educação em uma profunda situação de desgaste. O que dizer dos livros do MEC (Ministério da Educação e Cultura) repletos de erros e agora apoiando a formação de uma nova linguagem baseada naquilo que não foi competente ao passar aos alunos? O que dizer do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) que nasceu como solução e todos os anos está presente em processos judiciais? O que dizer de nós, os únicos beneficiários, esperando a solução dormindo confortavelmente em nossas camas de pregos? Parece que essa é uma guerra de um só exército. Os “inimigos” parecem estar ao nosso lado, dormindo ou tramando, tornando tudo mais difícil. E agora, para onde atirar?

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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