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Conteúdo 31 de outubro de 2011

Brasil rodoviário

Contrariando a premissa de que não existe crescimento econômico sem infraestrutura, nos últimos dez anos o país investiu apenas 2,32% do PIB no setor. Como resultado, além dos gargalos que limitam tanto a atuação dos operadores logísticos quanto comprometem as atividades dos produtores brasileiros, o transporte rodoviário ganha cada vez mais participação no mercado, absorvendo grande parte da demanda interna.

É evidente que para solucionar o problema o segmento precisa de mais recursos, mas é fundamental, sobretudo, planejamento na hora de aplicar o dinheiro, investindo na intermodalidade. Um país com as proporções territoriais do Brasil não pode depender exclusivamente do transporte rodoviário. Por aqui, os caminhões são responsáveis por 66% de toda carga movimentada. E o fato é que quando um produtor decide colocar sua carga para rodar pelas estradas não o faz por opção, mas por falta de alternativa. Ainda assim não há garantias de que a mercadoria irá chegar ao destino e muito menos no tempo necessário: 74% das rodovias nacionais apresentam algum tipo de deficiência no pavimento, sinalização ou geometria, comprometendo a qualidade e segurança do fluxo de cargas.

Além disso, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o custo econômico de acidentes chegou a R$ 14, 1 bi, no ano passado, superando os R$ 9,85 bi aplicados pelo governo federal. Em relação às estradas, vale ressaltar ainda a discrepância entre a conservação das vias sob a responsabilidade do governo e do setor privado: dos 15.374 km sob concessão, 48% são ótimos, 38,9%, bons, 12%, regulares e apenas 1,1% ruins. Nenhuma foi considerada péssima. Já nos 77.373 km de rodovias sob gestão pública, apenas 5,6% foram considerados ótimos, 28,2% bons e 34,2%, regulares. As ruins chegam a 21,5% e as péssimas, a 10,5%, aponta a CNT. Os números demonstram que o problema, além de recursos, requer boa administração.

Mas para tornar o Brasil menos rodoviário, a saída está na expansão da malha ferroviária e na utilização das hidrovias. Porém, com o baixo investimento público e as dificuldades para a injeção de capital privado no setor, as ferrovias brasileiras – que já operam no limite de sua capacidade – correspondem a apenas 20% do fluxo de cargas. E as hidrovias não chegam a 12%. A Paraná – Tiete, por exemplo, que possui capacidade para 20 milhões de toneladas, transporta somente 2 milhões.
É fato que alguns empreendimentos para diversificar a matriz de transporte estão em curso, mas sempre a passos lentos, essas obras, quando concluídas, já começam a operar defasadas. Este é um déficit que não será resolvido com obras feitas de maneira improvisada, ligando nada a lugar nenhum, e muito menos com desperdício de recursos. É fácil analisar a condução dos empreendimentos para a Copa, por exemplo, e perceber uma série de equívocos que se repetem nas políticas para o setor.

O fato é que depois de quase uma década sem os investimentos necessários, não há tempo a perder. É preciso agilidade e, acima de tudo, competência.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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