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Conteúdo 21 de dezembro de 2015

Afinal, o que sabemos sobre responsabilidade social?

O mercado busca continuamente ferramentas que lhe possibilite ascensão. Muitas empresas, para formar, melhorar e consolidar suas imagens buscam selos de responsabilidade social sem abrir mão daquele conceito apontado pelo economista Milton Friedman, que foi um dos maiores críticos desse sistema, sobre “maximização do lucro” e entram na área da hipocrisia desacreditando um movimento – surgido entre as décadas de 70 e 80 – com propostas atuais, necessárias e vantajosas para a valorização das pessoas e do ambiente em que vivem.

A responsabilidade social – que pode ser corporativa, empresarial e ambiental – se dá de forma voluntária por empresas que adotam posturas e comportamentos que almejem a qualidade de vida de seus funcionários e do público externo. Importante salientar que não se trata da empresa fazer o papel dos governos, embora tenha um papel semelhante, em muitos casos, de amparar e cuidar do bem-estar das pessoas através da defesa de causas importantes para a manutenção da consciência social. Aí se destaca o combate ao trabalho infantil e à escravidão.

Contudo, foi mesmo em 2010 que esse movimento tomou força com o lançamento das diretrizes sobre o assunto, cujas Normas Internacionais foram descritas na ABNT-ISO 26000 que relaciona sete princípios baseados em responsabilidades, transparência, comportamento e respeito. Parece muito contraditório quando imputamos tais conceitos e propósitos a organizações que visam a lucratividade em primeiro lugar já que não estamos falando aqui de ações filantrópicas.

Não temos uma disciplina específica para a qualificação dos líderes a fim de consolidar a prática no âmbito das empresas. Algumas faculdades mencionam o assunto associando-o à sustentabilidade. O que se vê mesmo é que o interesse em promover o ser humano vem sendo sufocado pelas atribuições organizacionais, pois ainda estamos bem longe de conciliar a lógica do lucro com a lógica ambiental, a lógica da redução de custos com a empresa cidadã e as estratégias de vendas com os direitos do consumidor.

Citar o que houve em Mariana-MG e aquele mar de lama que encerrou com a vida de pessoas e com a biodiversidade daquela região parece ser um exemplo quando falamos de respeito e da responsabilidade social que ficou longe de tomar uma forma positiva. Mas, e tantas outras empresas que se dizem responsáveis socialmente exibindo seus selos como prova de seu compromisso? Numa famosa padaria, os funcionários têm que trazer o lanche de casa, pois não lhes é permitido comer o que produzem. O que mais se vê por aí são empresas que se dedicam arduamente a economizar copinhos descartáveis e folhas de papel enquanto seus funcionários são obrigados a estender o horário sem receber horas extras. Verdadeiras aberrações envolvendo propósitos tão sublimes que, na prática, nada tem a ver com a valorização do capital humano que fundamenta qualquer atividade de um mercado feito por pessoas e para as pessoas.

Sinto desapontar quem acha que economizar energia e material de expediente enquanto nada se faz para assegurar uma condição digna e saudável às pessoas é ser socialmente responsável. É lamentável que existam algumas “ações sociais” que visam holofotes que, na verdade, só se dão por pegarem alguma carona em um programa de redução de custos. O fundamento da sociedade são as pessoas e não as coisas. Ultimamente estamos cuidando mais de árvores e de animais do que de pessoas. Não que não tenhamos que cuidar do meio ambiente e que as pessoas não se beneficiem por meio de algumas ações, mas, na maioria das vezes, as pessoas parecem estar de fora de quaisquer ações públicas quando não são potencialmente eleitores e de ações privadas quando não são potencialmente clientes.

Deixo meu desejo de um Feliz Natal a todos e que 2016 seja um ano de responsabilidade social livre de aparências e cheio de ações coerentes e relevantes. E que não esqueçamos que devemos também realizar nossa tarefa individual de cuidar da sociedade já que somos nós a experimentar suas dores e seus sabores.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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