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Conteúdo 11 de julho de 2011

A criatividade na mediocridade

Muito já se falou sobre a mediocridade de pessoas que atuam no mercado cumprindo horários e não tarefas, seguindo meros protocolos e não se dispondo a ofertar inovações. Também muito se falou sobre as belíssimas ideias de profissionais que optam pela atividade desprezando o caminho da inércia e alcançando o sucesso.

Mas, hoje venho falar da criatividade de profissionais dentro de uma empresa com métodos medíocres e do esforço de quem os aplica para assim permanecer. [Observe que me refiro a empresas com baixo desempenho como “portadoras de métodos medíocres”, já que dentro de um contexto não existem empresas medíocres. A sublime missão de produzir, suprir e empregar não deve ser desprezada]. Tais métodos resultam em dificuldades, demissões e falências. Muitas vezes, isso ocorre por uma falta sistemática do reconhecimento diante de uma nova proposta trazida por um profissional diferenciado. Ou seja, você pode assistir ao sucesso de sua empresa ou participar dele, mas para isso, é necessário acreditar porque você vai precisar defendê-lo.

Sei que cada um que atua no mercado durante algum tempo já teve uma experiência nesse aspecto. Eu tive o desprazer de experimentar dentro de uma empresa, na qual tive muito prazer em trabalhar, uma tentativa de implantação de novos métodos de distribuição, pois representantes comerciais estavam elevando custos com propósitos pessoais. A resposta (um tiro, na verdade) do Diretor Geral foi que eu não deveria me preocupar com pontualidade nas entregas já que os nossos produtos deixavam a desejar na qualidade… Existe algo mais forte do que isso para simbolizar um balde de água fria? A dor maior era saber que nossos produtos eram de altíssima qualidade, que eu tinha como melhorar nossa distribuição reduzindo custos, que tal diretor não conhecia nossos processos e, o pior, saber que ele era apoiado pela presidência da empresa que o tinha como um “profissional inovador”. Irredutível, sequer ouviu a proposta.

Um ano depois, com seu desligamento, os estragos causados na empresa são lembrados até os dias de hoje, assim como os muitos profissionais que, como eu, não conseguiram sobreviver dentro do incômodo processo de paralisia onde a hierarquia foi obedecida, como não poderia deixar de ser, mas o resultado foi catastrófico. Ficou a incômoda sensação de que falhei comigo mesmo. Deixei a mediocridade prevalecer. Hoje eu agiria diferente.
Quantos profissionais semelhantes não existem hoje praticando dentro das empresas o lema do “tudo eu sei e tudo posso”? Eles insistem em subsistir dentro de um mercado que não mais lhes comportam. Como trazer a criatividade para atuar dentro de processos medíocres defendidos por pessoas sem compromisso com o conjunto? O primeiro passo após o acender daquela “luzinha” que você fez brilhar é avaliar sinceramente se isso será bom para o conjunto. Se não for, essa ideia será vista como uma teima sem soma que até pode lhe trazer frutos, mas passageiros e cheios de conseqüências tornando-o um defensor da imposição. No entanto, se será benéfico para o conjunto, planeje, cerque-se de todas as informações disponíveis, aguarde o melhor momento e apresente sem muitos detalhes (esses serão expostos à medida que se sente o aumento do interesse). Caso a reação não seja satisfatória, não desista e compartilhe com pessoas que exerçam influência na área e, em último caso, se possível, aguarde pois pessoas sem visão têm passagem rápida pelo mercado cada vez mais exigente que prima por raciocínio rápido e processos organizados. O que não poderá acontecer é a contaminação da sua criatividade.

O corre-corre diário é o principal inimigo da criatividade, mas também, um termômetro que pode levar-lhe ao ponto de maior necessidade de mudanças. Muitos profissionais hoje não encontram um intervalo para reestudar seus processos e aí correm o risco de se afundar em rotinas que tolhem sua capacidade de otimização tornando-os meros componentes que prejudicam a empresa e a si mesmos.
Não existe ideia ruim. Por mais sem propósito que ela seja, se planta uma observação de que um processo não está completo e, como todos, há sempre uma necessidade de melhorar e daí pode surgir uma grande solução.

Grandes soluções começam com pequenas insatisfações. Mas essas não podem ser pessoais, elas devem estar totalmente voltadas ao processo da empresa e assim, consequentemente, se alcançará os demais propósitos.

Um grande profissional não entra em conflito com métodos e procedimentos, ele os traz para o sucesso. A sua entrega não deve ser menor do que em uma proposta de um projeto brilhante, mas o comodismo jamais deve ser abraçado e nem a persistência incauta, pois grandes profissionais não estão isentos de erros no dinâmico campo do conhecimento. Contudo, sua criatividade é uma jóia dentro de qualquer empresa e fundamental para o seu sucesso.

Claro, tudo isso entra num processo complexo que, muito contribui sua paciência, sua credibilidade, suas razões e objetivos, seu papel na empresa e o que você espera dela. Vários questionamentos virão. Mas, tudo isso, jamais seria um preço justo para o abandono da sua criatividade. Ela não tem preço.
 

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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