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Conteúdo 10 de fevereiro de 2003

Armazenagem frigoríficada: Setor vem registrando crescimento acentuado

Mudanças de hábitos de consumo, além do fato de as empresas estarem se preocupando mais com o seu negócio, deixando as operações logísticas nas mãos de terceiros, são alguns dos fatores que tem impulsionado o crescimento do setor.

Armazenagem frigorificada é o destaque desta edição do LogWeb. Alguns dos mais experientes profissionais, e de representativas empresas da área, fazem uma análise do setor, e também enfocam as tendências, os maiores problemas e as possíveis soluções.

Uma análise do setor

Vasco Carvalho Oliveira Neto, presidente da Armazéns Gerais Vinhedo – AGV Logístic, considera que o mercado de operadores logísticos frigorifi­cados brasileiro vem se expandindo rapidamente, e que o potencial de crescimento é bastante elevado, visto que a tendência de foco no core business está cada vez mais presente. “Uma das exigência dos clientes, atualmente, é a de que os operadores diversifiquem seus serviços, indo além da armazenagem, transporte e distribuição”, diz ele.

“A tendência mundial de terceiriza­ção da distribuição das linhas de produtos, implementada pelas grandes corporações em razão do ‘core business’, provocou o crescimento do mercado de logística no Brasil, beneficiando diretamente o setor de armazéns frigoríficos”, acrescenta Juliano Martins Canato, coordenador de marketing da Dânica Termoindustrial.

Oldmar Silveira, gerente de planejamento e desenvolvimento de novos negócios da McLane do Brasil, tem um ponto de vista bastante parecido.

De acordo com ele, a demanda pela prestação de serviços logísticos para a “cadeia de frio” (armazenagem e transporte de produtos refrigerados, congelados, etc.) vem passando por um crescimento muito expressivo nos dois últimos anos.

Isto, devido ao crescimento do mercado de exportações brasileiras, apesar do pouco crescimento do mercado interno, e, mais ainda, pelo fato de as empresas que se utilizam destes serviços estarem buscando cada vez mais alianças estratégicas com os operadores logísticos especializados, obje­tivando, principalmente, diminuir seus investimentos próprios em equipamentos, instalações, processos e recursos para abastecimento do mercado. “Com isto, o mercado de frio como um todo se fortalece, aumenta sua eficiência e cria maiores oportunidades para ampliar os negócios”, destaca.

Já Antonio Marcos Gaspari, do departamento comercial da Super Frio Armazenagem & Logística, diz que o setor de armazenagem frigorificada vem crescendo conforme a necessidade do mercado consumidor. Este, por sua vez, tende a procurar cada vez mais alimentos congelados e pré-prontos.

“Este é um setor onde os serviços prestados devem envolver excelência e qualidade, principalmente por estar envolvido com produtos alimentícios, os quais, muitas vezes, estão acabados para terem seu destino final direto na mesa do consumidor”, diz ele.

Gaspari complementa salientando que, indispensável para a qualidade de vida do ser humano, esses setores deverão crescer sob rigorosos controles de qualidade e procedência, evitando quaisquer tipos de danos aos usuários do serviço e consumidores finais.

Odilon Fehlauer, superintendente da Brasfrigo, também vê o setor com otimismo. Para ele, há grandes perspectivas de avanço, em especial no campo das exportações de alimentos, também facilitado pelos aspectos cambiais e pela qualidade dos produtos cárneos produzidos no país.

Tendências

Face à análise, otimista, por sinal, dos profissionais do setor, fomos buscar saber sobre as tendências na área de armazenagem frigorificada.

Oliveira Neto, da AGV Logística, diz que, hoje, é muito mais barato e profissional buscar um operador logístico terceirizado, do que usar sua estrutura interna para isso, o que possibilita a expansão do setor.

Pelo seu lado, Silveira, da McLane, salienta que as perspectivas são bastante favoráveis, “e não tenho dúvidas de que este é um negócio em evolução. Contudo – destaca – acredito que a estratégia de aliar o investimento em tecnologia com infra-estrutura de ponta, com qualidade de serviços compatível e com serviços de gerenciamento de toda a cadeia de abastecimento é a chave para o sucesso neste negócio.”

Já o coordenador de marketing da Dânica afirma que, como tendência, com certeza, a qualificação da mão-de-obra já é uma realidade. Ele também ressalta que a terceirização e a automação constituem duas tendências já constatadas no mercado.

“Como dito inicialmente, o setor tende à expansão rápida e larga devido ao novo conceito mundial em assuntos de alimentação”, diz Gaspari, da Super Frio.

Segundo ele, iniciando com mais força na década de 90, e atingindo o seu auge nos dias atuais, o comércio de produtos preparados e pré-prontos atinge uma vasta população consumidora que busca facilidade e qualidade para o preparo em tudo no dia-a-dia.

“Talvez pela falta de tempo das novas famílias, talvez pela globalização de um mundo moderno ou, ainda assim, por puro comodismo, percebemos a grande procura destes produtos nos supermercados. E o que isso tem haver com a logística? Ora, a procura aumenta, a produção aumenta e os armazéns aumentam. Está tudo interligado. A vida de uma dona de casa é uma logística, tudo é logística”, diz o representante da Super Frio.

Problemas e soluções

Mas, engana-se quem pensa que este setor não enfrenta problemas. Ele também os tem, como vários outros, e os profissionais ouvidos, além de os indicarem, apontam as possíveis soluções.

O presidente da AGV Logística diz que alguns dos problemas do setor passam pela necessidade de oferecer recursos de longo prazo com taxas de juros compatíveis para investir em estrutura, veículos, tecnologia, etc. e pela necessidade de garantir abrangência nacional, devido à escala de alguns mercados. “Também há os altos custos (energia elétrica, por exemplo), a baixa rentabilidade e a falta de pessoal qualificado”, completa.

As soluções, segundo Oliveira Neto, incluem reformas Previdenciária e Tributária, entre outras que permitam a redução dos juros e aumentem a oferta de crédito de longo prazo; terceirização de toda a operação com um único operador – armazenagem, transporte e distribuição; redução de estoques com aumento do cross-docking e transit point e distribuição compartilhada até mesmo entre concorrentes.

“A utilização de equipamentos e instalações de primeira linha, adequada aos requisitos de qualidade exigidos por determinados segmentos da indústria, aumenta o custo por posição/palete. Neste caso, o desafio do operador logístico consiste em manter um fator de ocupação satisfatório do armazém ao longo do ano, para ser competitivo neste mercado onde ainda existem períodos de baixa ocupação.”

A afirmativa é de Silveira, da McLane, para quem cabe ao próprio operador, de um lado, criar alternativas técnicas e operacionais em parceria com seus fornecedores, objetivando a otimização de seus custos, e, do outro lado, gerar oportunidades de sinergias entre negócios de importação, exportação e entre seus diversos clientes.

Segundo Canato, da Dânica, o custo operacional é, com certeza, uma grande dificuldade verificada em todo o segmento. E, dentre os vilões destes elevados custos encontram-se, principalmente, as despesas com fretes e o pagamento de altos impostos. “A utilização da informática em todo o armazém frigorífico, com certeza, se mostra uma grande aliada. Todo o processo, desde o recebimento até a estocagem e distribuição, bem como o gerenciamento da demanda enérgica, principalmente na geração do frio, utiliza-se da informática. Outro fator que gera benefícios reais à empresa é a qualificação dos operadores do sistema como um todo”, completa.

Por último, Gaspari, da Super Frio, salienta que, analisando algumas situações, é possível observar que nem todos os armazéns possuem controles rígidos de higiene e procedimentos de limpeza. “A implantação do Serviço de Inspeção Federal (SIF) deveria ser obrigatória, garantindo a qualidade de limpeza, água utilizada e controle fito-sanitário. Alguns CD’s acabam virando centros de processamento de alimentos sem as necessárias condições para tal função”, diz ele.

Para ele, um problema que atinge toda a população usuária das malhas viárias, mais principalmente as operações logís­ticas de distribuição, envolve os altos custos em pedágios em certas localidades, bem como o número de barreiras existentes e pistas irregulares. “Enca­recidas e dificultadas por tais situações, muitas operações tornam-se inviáveis, tirando o verdadeiro sentido da palavra logística.”

O representante da Super Frio também alega que é possível observar a falta de estrutura nos profissionais que ingressam neste novo mercado. Os mais capacitados tiveram que enfrentar longos períodos de aprendizagem dentro de empresas.

Para ele, as soluções passam por inspeção rigorosa por órgãos justos e competentes, conversações e acordos convenientes com governos e maior qualidade no treinamento de profissionais para esta área.

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