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Conteúdo 31 de dezembro de 2002

ABML promove “Ponto de Encontro” com Mailson da Nóbrega

A ABML – Associação Brasileira de Movimentação e Logística realizou, no dia 23 de maio último, o seu já tradicional “Ponto de Encontro”, desta vez com o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Dentro do tema “O Brasil em Transformação”, Mailson falou sobre o quadro econômico atual, abordando também os cenários prováveis após a eleição deste ano.
A solenidade foi aberta com a posse da Diretoria e do Conselho da ABML para o biênio Abril 2002 – Março 2004, seguida da entrega de placas em homenagem aos que deixam a diretoria da Associação.

O Brasil em Transformação

Em sua apresentação, Mailson afirmou que, no momento, o Brasil passa pela sua maior transformação histórica, devido a vários fatores como democracia, estabilidade do mercado, economia aberta e gerida pelo mercado, e não pelo estado. “Isto nunca aconteceu no Brasil antes”, destacou.

Também há um novo ambiente, segundo Mailson, como a imprensa livre, maior acesso à informação, competitividade – uma nova realidade no Brasil -, um novo consumidor, mais exigente, e um novo paradigma do Estado, agora como provedor de bens públicos, enquanto antes ele tinha a função de “motor do crescimento”, provendo subsídios e protegendo o mercado, entre outras medidas.

“Hoje também temos governantes mais responsáveis, em razão de uma evolução institucional e mental e de uma sociedade mais atenta, exigindo um governo mais transparente, no sentido de seguir as regras”, explicou Mailson.

Ele também mostrou que há um novo paradigma empresarial, na gestão de negócios, no tratamento do consumidor, no incentivo aos recursos humanos e na colaboração com a comunidade. “Em 1999, as empresas brasileiras investiram cerca de 1% do PIB em programas sociais, a maioria sem incentivos fiscais”.

Todos estes fatores, segundo o ex-ministro, estão associados às grandes transformações. A primeira delas é um novo padrão demográfico, com uma ruptura demográfica, caindo, por exemplo, a taxa de natalidade, o que, segundo Mailson, faz prever que não temos uma explosão demográfica a vista.

A segunda grande transformação é uma nova e maior classe média, que, segundo Mailson, é formada por cerca de 55% da população brasileira, e essencialmente do setor privado, enquanto antes a classe média estava no setor público.

A terceira transformação é que há uma maior mobilidade social – “cerca de 63% dos brasileiros mudam de patamar social durante a sua existência. E a elite, hoje, representa de 5% a 6% da população, contra os 2% dos anos 60”, disse Mailson.

O quarto fator é que há uma nova demanda por educação, já que o futuro exige, de acordo com o ex-ministro, um maior conhecimento, acentuado pela abertura da economia.

Um quinto fator é o novo sistema financeiro, vibrante e competitivo, que está promovendo o nascimento de novos investidores. “Também podemos citar um novo padrão mental, com intolerância à inflação e à corrupção – este é o sexto fator”, acrescentou.

Outros pontos da economia brasileira mostrados por Mailson foram: crescimento do investimento estrangeiro em cerca de 60% na área de serviço, incluindo logística; crescimento da telefonia móvel, a ponto de a meta prevista para 2003, de 23 milhões de aparelhos instalados, já ter sido superada hoje, com mais de 30 milhões de aparelhos; maior participação dos serviços no PIB, passando de 49%, em 1980, para 60% em 1999, enquanto que a indústria caiu de 41%, em 1980, para 32% hoje, e a agricultura passou de 10% para 8%, em relação aos mesmos anos; e aumento da taxa de escolaridade, passando para 97% em 2000, contra 79% em 1992.

Quanto aos desafios, Mailson citou as reformas necessárias em função da globalização – aliás, segundo ele, estudos demonstram que a globalização favoreceu a todos os países, e os que menos se desenvolveram foram os que ficaram de fora do processo de globalização.

Assim, os desafios podem ser considerados como: mudança no sistema tributário, o que, de acordo com o ex-ministro, deve levar de 10 a 15 anos; mudança no sistema político que, embora esteja melhorando, precisa ser mais confiável; mudanças na legislação trabalhista, na previdência social e no poder judiciário.

Mailson falou também do cenário político em razão das próximas eleições, citando os fatores condicionantes, como coligações estaduais, perfil do eleitor, companha na TV, FHC como eleitor estratégico e o dilema do PT. “O Partido dos Trabalhadores vive o seu momento mais critico desde a sua fundação, e está procurando ser mais “light”, ao mesmo tempo que mantendo-se fiel à sua ideologia. O cenário mais provável é que, em razão do momento político e econômico que vivemos, Lula vá para o segundo turno com o candidato do governo o qual, por sua vez, saí o vencedor”, profetiza Mailson.

Em termos de economia, o ex-ministro prevê que este ano de 2002 seja melhor que o anterior, principalmente a partir de julho, considerando que fatores como crise argentina e de energia, atentados terroristas e queda da bolsas não estão mais presentes. “E 2003 deve ser melhor que 2002, pois já estará definido o governo e já terá havida a recuperação da economia americana, conforme está previsto.”

Mas, disse ele, há riscos, como de aumento de petróleo, queda nas bolsas americanas e revertério nas eleições brasileiras.

Na linha de previsões, Mailson também falou das projeções para 2002: crescimento de 2,5% do PIB; inflação de 5,5%; juros (Selic dezembro) de 17%; câmbio, em dezembro, de R$ 2,45 por US$ 1,00; balança comercial com superávit de 3 bilhões de dólares; conta corrente com déficit de 22 bilhões; e investimento estrangeiro direto de US$ 18 bilhões.

“Vamos ter muito trabalho pela frente, com um processo lento e reformas em mais de um ciclo eleitoral. Mas temos tudo para dar certo, considerando vários fatores: nova sociedade, que inibe aventureiros políticos, e nova dinâmica, com transformações que vão empurrar o país para o seu potencial econômico e social”, conclui Mailson.

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