Hardwares usados na logística colocam as empresas em níveis de competitividade nunca antes alcançados

24/08/2018

Conectividade, interconexão inteligente dos dados de processo com as demais áreas, capacidade de processar e estruturar informações, diminuição de perda e erros de processo são palavras que bem definem o uso dos hardwares nos processos logísticos.

Na revista Logweb número 192 – agosto 2018 (impressa) –, publicamos uma ampla matéria sobre os softwares de gestão.
Agora, nesta versão digital, concluímos o assunto com destaque para os hardwares. A começar por uma análise do futuro do segmento de TI dentro da logística.
Afinal, como aponta Edgard Santos de Almeida, gerente de Vendas da Cognex no Brasil – Cognex Corporation (Fone: 11 2626.7301), a Tecnologia da Informação está cada vez mais presente em todos os segmentos industriais e cada vez mais intrínseca ao processo produtivo. Ainda segundo Almeida, a logística é uma parte essencial para a excelência deste processo, uma vez que qualquer deficiência neste ponto pode colocar toda a operação em risco. Existem cada vez mais demandas por uma interconexão inteligente dos dados de processo com as demais áreas, até que determinado produto chegue ao consumidor final e, por essa perspectiva, é possível prever um futuro de grande expansão para o setor logístico.
“Com o avanço da globalização existe a necessidade de se tomar decisões rápidas, porém para obter melhor resultado é necessário utilizar bases de informações consistentes que gerem vantagens competitivas no mercado logístico. O segmento de TI dentro da logística tem papel fundamental em trazer dados confiáveis com maior velocidade para a tomada de decisão ser assertiva e rápida”, completa Rafael Balsanelli Mariano de Lima, da supervisão – área de Pesagem em Movimento – da Toledo do Brasil Indústria de Balanças (Fone: 11 4356.9373).
Pelo seu lado, Ricardo Malizia, gerente de Soluções de Rastreabilidade/Divisão de Data – Track&Trace da Valid (Fone: 21 3114.0779), lembra que a automação dos processos de logística não é uma coisa nova. Ainda assim, essa automação tem se tornado cada vez mais inteligente com o uso de equipamentos e softwares que aplicam técnicas conhecidas como machine learning e inteligência artificial.
“Além de capturar códigos, os coletores de dados são capazes de processar e estruturar estas informações de forma a dar uma ação ao operador. A fonte de captura de dados pode ser um código 1D, 2D ou uma etiqueta RFID. A ação é resultado da aplicação de regras de negócio em tempo real ao dado capturado, revertendo em eficiência e proporcionando melhor tomada de decisão”, explica Malizia.
De fato, Igor Froiman, diretor comercial da Willtech Equipamentos e Soluções (Fone: 11 2293.1821), lembra que as empresas atualmente já estão se mobilizando e entendendo que através de controles com ferramentas RFID, além de melhorarem seus controles internos, promoverem diminuição de perda e erros de processo, entre outros, estarão em um futuro muito próximo aumentando seus lucros através do uso de tais ferramentas.
Completando esta abordagem, Vanderlei Ferreira, country manager da Zebra do Brasil (Fone: 11 4130.8178) diz que o estudo “O Futuro da Operação Omnichannel”, conduzido pela Zebra Technologies, analisa como fabricantes, empresas de transporte e logística e varejistas se preparam para atender às crescentes necessidades da economia sob demanda, na qual os consumidores buscam uma experiência de compra mais rápida e fácil. Entre as descobertas, o destaque fica para novos prazos de entrega: 78% das empresas de logística esperam entregar pedidos no mesmo dia em 2023 e 40% antecipam que os pacotes chegarão aos compradores em um prazo de duas horas em 2028. Além disso, 87% dos entrevistados pretendem terceirizar as entregas ou usar serviços especializados em entregas rápidas para finalizar pedidos específicos em 2028.
“A pesquisa revelou ainda que as cadeias de suprimentos de última geração irão aderir a soluções conectadas, de inteligência de negócios e automatizadas que trarão nova velocidade, precisão e lucratividade ao transporte e aos profissionais do setor. Os executivos entrevistados acreditam que as tecnologias mais disruptivas sejam drones (39%), veículos autônomos (38%), tecnologia móvel (37%) e robótica (37%)”, conclui Ferreira.

Inteligência Artificial
Os entrevistados também falam sobre o papel da Inteligência Artificial – inclusive o que ela agrega – dentro dos equipamentos de TI para logística
Almeida, da Cognex, revela que a IA permite, em qualquer ambiente automatizado, que dispositivos de campo, outrora passivos, possam tomar pequenas decisões dentro de um microuniverso no processo. Por exemplo, os leitores de códigos 1D e 2D com capacidade de executar lógica, tomar decisões de forma autônoma em função de dados de entrada, alimentar um sistema supervisório, gerar estatísticas ou até mesmo classificar um produto, agregam para a logística uma flexibilidade enorme e também permitem ao gestor de todo o negócio ter mais visão em tempo real de sua operação.
“Realmente, a Inteligência Artificial, definida como ‘a ciência e engenharia de produzir máquinas inteligentes” por John McCarthy, tem papel fundamental para reduzir custos de aprendizado humano no tocante a tarefas operacionais simples que equipamentos em funcionamento com software podem realizar facilmente com precisão e eficácia”, emenda Lima, da Toledo.
Malizia, da Valid, também destaca que a IA permite que um sistema execute funções humanas consideradas inteligentes. Dessa forma, não basta que exista uma automação. É necessário que o sistema tome decisões e aprenda com o histórico de dados disponíveis. Isso significa que os softwares de apoio à logística precisam estar preparados não só para apontar um dado em uma base, mas também para qualificar as informações e fornecer ações que ajudem o administrador a tomar decisões, considerando regras de negócio, processos, procedimentos e histórico de operação.
“Acredito que os equipamentos voltados para logística que possuam o IA serão capazes cada vez mais de simular as habilidades humanas mais complexas, trazendo maior qualidade e eficiência aos processos onde são aplicados”, aposta Froiman, da Willtech.
Ainda falando da IA, Ferreira, da Zebra, lembra-se da chegada de robôs dotados de Inteligência Artificial que estão ajudando a melhorar o setor de transporte e logística. Esses robôs podem executar algumas ações humanas repetitivas sem perder a concentração ou cometer erros. Eles também são capazes de acessar locais e espaços de difícil alcance e realizar a contagem de estoque com maior precisão. Transportadoras – tanto as terrestres quanto as aéreas – conseguem hoje ter uma rede de distribuição e entrega de pacotes mais conectada e inteligente, que lhes permite tomar decisões em tempo real com base em informações precisas, trazendo melhorias significativas para as operações.
“Ao capturar dados como densidade e capacidade de carga, por exemplo, essas empresas conseguem obter referências valiosas para otimizar seu desempenho e lucratividade, facilitando tomadas de decisões, como por exemplo, decidir quantos veículos são necessários e quando eles podem sair para fazer suas entregas”, completa o country manager da Zebra.

Logística 4.0
Interessante também é notar o papel destes hardwares dentro da Logística 4.0.
“A palavra que melhor define o papel destes equipamentos na Logística 4.0 é conectividade. Com ela, toda a cadeia está interligada e gerando dados de processo e da operação em tempo real para todas as partes interessadas do negócio”, destaca o gerente de Vendas da Cognex.
Malizia, da Valid, lembra que a Logística 4.0 se beneficia da mesma corrente que tem beneficiado outros setores do mercado. A indústria, por décadas, desenvolveu e implementou tecnologias que hoje são passiveis de serem aplicadas em diferentes serviços.
“Por exemplo, hoje em dia é comum termos Kanban aplicado em desenvolvimento de software e pensamos que se trata de algo novo. Não. Kanban é um sistema criado pela própria indústria na década de 60. Isso evidencia o aproveitamento de sistemas, equipamentos e métodos oriundos da indústria em aplicações em diversas áreas. E a logística é uma delas.”
Ainda de acordo com o gerente de Soluções de Rastreabilidade da Valid, sensores, RFID, coletores de dados, sistemas de visão e a integração com softwares inteligentes permitem reduzir a manipulação de objetos, agilizar o picking, minimizar os erros de montagem e roteirizar com maior eficiência.
“Posso estar sendo redundante, mas o papel desses produtos dentro da Logística 4.0 como chamamos deve ser primordial, pois através deles poderemos diminuir os tempos de muitos processos, torna-los mais ágeis, de forma a compensar, talvez, a dificuldade que temos principalmente com o tempo de transporte em nossa malha rodoviária. O Brasil hoje se utiliza de praticamente 90% do transporte rodoviário para deslocamento, ou seja, qualquer tempo que possamos economizar dentro das próprias fábricas ajudaria com que os clientes finais recebessem seus produtos em menos tempo.” A avaliação, agora, é do diretor comercial da Willtech.
E o country manager da Zebra arremata: com a chegada da Indústria 4.0, da captura e troca de dados por meios digitais, da Internet das Coisas, da computação em nuvem e da computação cognitiva, a automação industrial está transformando as empresas do setor para que elas atinjam novos patamares. Esse novo contexto está permitindo que os executivos tenham ampla e total visibilidade das operações e também que cada processo seja capturado na forma de dado. Essa informação tornará a produção mais eficiente e reduzirá seus custos. Da mesma forma, a IoT pode controlar estoques de matéria prima em tempo real, ajudando os encarregados a supervisionar e organizar inventários em tempo recorde – o que acarreta em uma produção contínua, evitando interrupções devido à falta de peças ou material.

Mudanças
Realmente, são muitas as mudanças que estes novos equipamentos estão fazendo na empresa.
Por exemplo, Almeida, da Cognex, ressalta que componentes inteligentes demandam cada vez mais um processo ou uma operação bem planejada. Uma vez que o sistema se torna automático, não há mais espaço para intervenções manuais, e isso tem levado ao surgimento de demandas cada vez maiores por planejamento, automação dos CDs, investimento em hardwares e plataformas de softwares para a tratativa dos dados coletados.
Por sua vez, Lima, da Toledo, fala que as principais mudanças que estes componentes estão fazendo nas empresas estão relacionadas à velocidade de informação com qualidade que chega para o tomador de decisão, tanto para empresas quanto para consumidores. Leitores, balanças, dimensionadores e softwares integrados disponibilizam dados em tempo real que geram vantagens competitivas no mercado ao tomador de decisão.
Também para Malizia, da Valid, a principal mudança é a gestão da eficiência de processos e a aferição da produtividade. O uso de etiquetas RFID, por exemplo, pode adicionar rastreabilidade em toda a cadeia, melhoria no processo de picking, maior exatidão e rapidez de inventário e o controle simultâneo de movimentação de objetos em diferentes Centros de Distribuição. O uso de coletores de mão conectados a redes de celulares pode estender esses benefícios até a entrega efetiva ao cliente final. “Realmente, através de produtos como coletores de dados RFID e outros, as empresas estão conseguindo controlar melhor seus processos de forma a agilizar toda a cadeia dentro dos ambientes fabris”, acrescenta Froiman, da Willtech.
Ferreira, da Zebra, também destaca que informações em tempo real dão às organizações a vantagem competitiva que precisam para simplificar operações, saber mais sobre seus negócios e clientes e capacitar seus profissionais móveis para que sejam bem-sucedidos no mundo centrado em dados de hoje. Ser capaz de analisar e planejar é fundamental em nossos dias para essas companhias, que devem se adequar à chamada “economia on demand”, que é mobilizada pelo comércio eletrônico e pelas expectativas de entrega imediata. Esta é a realidade que está impulsionando a necessidade por soluções capazes de melhorar cada vez mais a velocidade, precisão e eficiência do processo de carregamento dos veículos de entrega.

Sobrevivência
Concluindo esta matéria especial, os entrevistados também avaliam se dá para as empresas sobreviverem hoje sem o uso destes equipamentos.
Almeida, da Cognex crê que por um curto período sim, mas não em longo prazo. De acordo com ele, isso será percebido automaticamente pelos players com a perda de competitividade em processos que não se atualizarem e consequentemente ocasionando a sua exclusão natural do mercado.
Lima, da Toledo, tem a mesma visão. “No primeiro momento sim, porém, com rentabilidade baixa, menor capacidade de gestão e custo elevado operacional as empresas tendem a perder competitividade.”
Froiman, da Willtech, diz que é difícil generalizar, mas que, também, talvez as empresas até sobrevivam por um tempo, mas serão com certeza ultrapassadas em todos os aspectos por outras que estejam se utilizando de forma correta dessas ferramentas – “eu me arriscaria a dizer até que as empresas que hoje não se utilizem de ferramentas de ajuda estão com os dias contados em um futuro bem próximo”.
Malizia, da Valid, ressalta que hoje é difícil imaginar uma empresa sendo competitiva sem a aplicação correta da tecnologia. Equipamentos combinados com softwares customizados para o fluxo de negócio adequado de cada empresa são imprescindíveis para se ter uma eficiente gestão logística.
“A concepção de um software completo, capaz de resolver todos os problemas, é cada vez mais utópica. As melhores operações têm se beneficiado de arquiteturas flexíveis e da interação de diferentes sistemas de forma a flexibilizar a entrada de novas soluções na operação. Arquiteturas baseadas em microsserviços e módulos simplificam a implantação de novas soluções e garantem entregas constantes e completas a cada etapa do projeto. Essa forma ágil de desenvolvimento vem encontrando guarida em cada vez mais segmentos”, diz o gerente de Soluções de Rastreabilidade da Valid.
Ferreira, da Zebra, também destaca que hoje os trabalhadores estão cada vez mais móveis e precisam acessar suas informações a qualquer hora, em qualquer lugar. Essa autonomia dos dados permite que sistemas e aplicativos estejam disponíveis em qualquer lugar e, mais importante, facilita o compartilhamento das informações entre usuários, sistemas e negócios. O estudo citado anteriormente mostra que, embora 72% das organizações usem códigos de barras, 55% ainda têm processos ineficientes. Até o ano de 2021, 94% usarão computadores móveis com scanners de código de barras para a logística omnichannel, o que aumentará a eficiência ao fornecer acesso em tempo real aos sistemas de gerenciamento de estoques. Estima-se que o número de plataformas para esse gerenciamento com tecnologia RFID cresça 49% nos próximos anos.

Distribuidor de produtos do setor e também usuário da TI na logística
A participação do Gimba (Fone: 0800.70.44622) nesta matéria especial acontece pelos dois lados “do balcão”.
Pioneiro na gestão e distribuição de suprimentos, o Gimba entrega em todo território nacional material de escritório, informática, alimentícios, descartáveis e itens de higiene e limpeza. Com quatro canais de vendas (loja virtual, loja física, televendas e contratos corporativos), atende desde a pessoa física até 300 das 500 maiores corporações do Brasil. Por outro lado, a empresa é grande usuário da TI na logística. Atualmente, o Gimba possui um Centro de Distribuição inteligente e totalmente automatizado em Barueri, SP. Este parque logístico dispõe de: Sistemas WMS – Warehouse Management System; Sistema Road Show – Software de roteirização que permite análises rápidas e precisas quanto ao aproveitamento ideal dos recursos envolvidos na área de transporte; Sistema RFID – Radio Frequency Identification; Sistema TMS – Transportation Management System; e separação de pedidos através de esteiras automatizadas e com desviadores.
“É pouco provável construir um ambiente logístico competitivo dentro de qualquer segmento sem a participação da TI, principalmente com a alta exigência de serviços com qualidade e prazos extremamente reduzidos. Podemos assegurar que as empresas que deixarem de investir em tecnologia serão incapazes de controlar, acelerar e otimizar processos em toda cadeia produtiva. Evidentemente que todo desenvolvimento e investimento em tecnologia deverão estar obrigatoriamente em sintonia com a estratégia da empresa”, comenta Vagner Senhorini, diretor Operacional e Administrativo do Gimba.
Ele também comenta que a Inteligência Artificial será o próximo passo para a história evolutiva de toda cadeia logística. No entanto – alerta –, ainda é prematuro afirmar ou gerar avaliações claras sobre o real valor que a Inteligência Artificial poderá agregar. “Nossa expectativa é que possa beneficiar diretamente no desenvolvimento tecnológico, permitindo que tarefas complexas e onerosas sejam realizadas com maior brevidade e assertividade. O grande desafio será equilibrar o alto valor de investimento e os benefícios deste inevitável impacto disruptivo.”
Senhorini também fala sobre o papel destes equipamentos dentro da Logística 4.0. “Diferente do momento da Inteligência Artificial, podemos dizer que o momento da Logística 4.0 não é uma tendência, é uma realidade. As empresas que desejarem dominar o mercado e sair na frente da concorrência deverão investir em tecnologia. O papel destes equipamentos é tornar o mundo operacional conectado ao mundo digital oferecendo rápidas e eficientes informações aos clientes, por exemplo, permitindo total rastreabilidade dos pedidos em tempo real, melhora na eficiência operacional, curto prazo de atendimento, etc.”

Veja na revista Logweb 192 (impressa) a matéria especial sobre Softwares de Gestão. www.logweb.com.br

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