Por Filipe Santos, Account Executive da eSales
A percepção predominante sobre logística no Brasil tem sido a de um custo inevitável e oneroso. Contudo, a ideia de que é apenas uma despesa deve ser reconsiderada. Ao invés de ser vista como um gasto, a logística pode, e deve, ser encarada como um investimento estratégico com o poder de transformar a maneira como as empresas operam e prosperam.
Nos últimos anos, o Brasil tem demonstrado progresso em termos de infraestrutura logística, conforme evidenciado pelos dados do Banco Mundial. No entanto, a posição do país no ranking global revela uma necessidade urgente de evolução – ainda navegamos entre o 54º e o 56º lugar. Seu verdadeiro potencial não reside apenas na melhoria das infraestruturas físicas, mas na sua capacidade de ser uma vantagem competitiva. É fundamental que seja reconhecida como um ativo estratégico e não meramente como uma commodity.
A experiência de empresas como o Mercado Livre ilustra perfeitamente o impacto positivo de uma gestão logística eficiente. Estudos indicam que cada dia reduzido no prazo de entrega pode aumentar as vendas em até 20%. Artigo publicado na Revista Brasileira de Gestão de Negócios, em 2021, já analisava como a agilidade na logística pode também impactar na satisfação do cliente. Esses dados refletem como um transporte eficaz não apenas reduz custos, mas também cria uma experiência superior para o cliente, resultando em um incremento significativo nas vendas. Investir nesse setor não é uma questão meramente financeira, mas uma estratégia para aprimorar a competitividade no mercado.
Com o crescimento do e-commerce e a digitalização, a visão sobre logística está passando por uma transformação. Empresas líderes estão demonstrando que o setor precisa ser encarado como um elemento estratégico fundamental. A habilidade de oferecer prazos de entrega rápidos e seguros se tornou um diferencial competitivo vital. Consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais por essa vantagem, evidenciando como uma logística bem gerida pode ser decisiva na escolha do fornecedor.
Porém, a jornada para transformar a logística em um investimento estratégico enfrenta desafios significativos relacionados à infraestrutura e regulamentação. Apesar de possuir uma vasta malha rodoviária, a qualidade da infraestrutura brasileira, muitas vezes, deixa a desejar. A necessidade de modernização e adoção de tecnologias sustentáveis, como caminhões elétricos e combustíveis alternativos, é uma barreira crítica que limita o potencial logístico do país. A infraestrutura deficiente e a falta de postos de abastecimento para novos combustíveis impactam diretamente a eficiência logística e, consequentemente, a competitividade das empresas.
Mesmo com esses significativos entraves, reforço: o que precisa ser adotado é a mudança de perspectiva sobre a logística. Enxergá-la como um investimento estratégico é essencial para desbloquear o verdadeiro potencial do setor. Empresas devem, obviamente, investir em infraestrutura, mas também em tecnologias e processos que aprimorem a eficiência e a experiência do cliente. Ao adotar essa abordagem, a logística pode se transformar em um ativo valioso que impulsiona o crescimento e a inovação, ao invés de ser vista como uma despesa inevitável.