Faltando poucos dias úteis para o término do ano, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) divulgou ontem, 12 de dezembro, o balanço estimado do setor automotivo em 2024, bem como as projeções para 2025.
O ano que se encerra foi marcado por forte crescimento de vendas no segundo semestre, o que impulsionou a produção de autoveículos a um nível acima do projetado inicialmente. Na comparação do segundo com o primeiro semestre, a produção cresceu 26,2%, os emplacamentos 32% e as exportações 44,2%.
“Normalmente a segunda metade é mais aquecida, mas neste ano tivemos um segundo semestre fantástico, o melhor dos últimos dez anos, depois de um início de ano com alguns problemas, como greves em órgãos públicos, enchentes no Rio Grande do Sul, entre outros. Com isso, o Brasil foi o que mais cresceu entre os principais mercados do mundo. Esperamos começar o ano nesse ritmo acelerado e fazer de 2025 o último degrau antes da volta ao patamar dos 3 milhões de unidades vendidas”, avalia o presidente da ANFAVEA Márcio de Lima Leite.
Mercado interno
Depois de um início de ano pouco aquecido, houve um relevante aumento no ritmo de vendas de autoveículos a partir de junho, atingindo média de 13,3 mil unidades/dia em novembro, a maior em 10 anos. Assim, 2024 deverá fechar com 2,65 milhões de autoveículos emplacados, alta de 15% sobre 2023. Faltaram cerca de 130 mil unidades para que se superasse o total de 2019, último ano antes da pandemia.
No segmento de pesados, os caminhões tiveram ótimo desempenho, com alta estimada em 15%, enquanto os ônibus deverão fechar com crescimento de 8,5%. Ambos os segmentos voltaram ao ritmo tradicional de emplacamentos, após o período de transição das regras de emissões do Proconve.
Para o ano que vem, a ANFAVEA projeta vendas de 2,802 milhões de autoveículos, uma elevação de 5,6% sobre 2024. Na divisão por grandes segmentos, espera-se alta de 5,8% para automóveis e comerciais leves e de 2,1% para veículos pesados.
Produção
Apesar do crescimento de 15% do mercado interno, a produção deve subir neste ano 10,7% sobre 2023, com 2,574 milhões de autoveículos deixando as linhas de montagem brasileiras. O que explica esse gap é a estagnação das exportações e sobretudo a alta impressionante do ritmo de importações.
O salto das vendas de modelos estrangeiros no ano, acima de 31,5% (463 mil unidades no total), foi puxado por veículos vindos de fora do Mercosul, sobretudo da China. A participação de 17,4% dos importados nos emplacamentos é a maior dos últimos 10 anos, sendo que 1/3 foi trazido por empresas que não produzem no Mercosul. “Este desequilíbrio na balança comercial, por conta de baixo Imposto de Importação para elétricos e híbridos, impediu que fabricantes de veículos aqui instalados obtivessem uma recuperação ainda mais robusta”, analisa Leite.
Para o próximo ano, a expectativa da ANFAVEA é um crescimento de 6,8% no volume de produção, o que representa 2,749 milhões de unidades. Essa alta deverá ser concentrada totalmente em veículos leves, com 7,3%. Para caminhões e ônibus, a previsão é de uma produção no mesmo patamar de 2024 – 169 mil unidades.
Exportações
Desde 2022 esse indicador não apresenta evolução. E neste ano não será diferente, com um volume de embarques esperado de 402,6 mil unidades, leve recuo de 0,3% em relação ao ano anterior. Além do encolhimento no mercado doméstico de importantes destinos, como Chile e Colômbia, houve uma sensível perda de participação dos produtos brasileiros no México. Em contrapartida, a Argentina retomou do México o posto de principal parceiro comercial do nosso país.
Depois de um primeiro semestre aquém das expectativas, as exportações começaram a subir partir de julho. Destaque para a recuperação dos embarques para a Argentina, com crescimento de 39%, e Uruguai, com elevação de 14%. Para 2025, a projeção da ANFAVEA é de exportações totais de 428 mil unidades, alta de 6,2% na comparação com 2024.
Emprego
A melhor notícia do ano para o setor automotivo veio dos empregos. De janeiro a dezembro foram criadas 10 mil vagas diretas nas nossas empresas associadas de
autoveículos, sem contar as de máquinas autopropulsadas, cujo balanço será divulgado pela ANFAVEA em janeiro.
A geração de empregos na cadeia automotiva no ano foi de cerca de 100 mil postos. “No total, nosso setor é responsável por 1,3 milhão de empregos de alta qualificação, e esperamos que o atual ciclo de investimentos anunciado, de R$ 130 bilhões, abra ainda mais postos de trabalho não só na linha de montagem, mas também em algo estratégico para o país, que é pesquisa e desenvolvimento”, conclui o presidente da ANFAVEA.